Episódios 21225 (Ad ' Antônio Silvino - Vota Crimes e - Julgamento q RA PER
Sem Óleo “º- dy
Werewolf by Night e o Terror da Marvel |
Cadê aPizza? À N
CX)
Este trabalho está licenciado sob a Licença Atribuição- NãoComercial-Compartilhalgual 4.0 Internacional Creative Commons.Para visualizar uma cópia desta licença, visite http://creativecommons.org/licenses/by-nc- sa/4.0/ ou mande uma carta para Creative Commons, PO Box 1866, Mountain View, CA 94042, USA.
[EDITORIAL
Com 198 páginas, a edição 14 é a maior edição do CyanZine até o momento, mesmo considerando a fase inicial, um década atrás. Isso graças ao cordel aqui incluído.
Antônio Silvino - Vida, Crimes e Julgamento é um cordel que já está sob Domínio Público. Escrito por Francisco das Chagas Batista, não há muito o que se dizer sobre o que esperar dele: o título já é meio que uma sinopse. Em resumo, é uma longa história do famoso cangaceiro.
Como costumo fazer, editei minimamente a obra. Desta vez, porém, todos os versos editados têm também uma nota de rodapé com os versos originais, para quem quiser comparar.
Além do cordel, esta edição do zine traz um artigo extraído do blog do Velhinho do RPG apresentando Werewolf by Night, uma das novas produções Disney+ /Marvel.
Para fechar, você recebe também uma aventura infantil para XR-lll: Cadê a Pizza?
Assim ficou esta edição. Devido ao trabalho que deu prepará-la, ainda não estou certo se haverá um CyanZine em dezembro. De qualquer forma, As Sementes do Mundo Inferior (que nesta
edição do zine aparece em seus episódios 21 a 25) continuará sendo publicada no Wattpad. E, se tudo der certo, em dezembro ou em janeiro o CyanZine estará de volta.
Feliz com a esperança de dias melhores para todos nós, na expectativa de que o cenário nacional se normalize, mesmo que leve anos para isso, desejo uma boa leitura!
Cárlisson Galdino
CYANZINE $i
Criação e desenvolvimento: Cárlisson Galdino Edição e Diagramação: Cárlisson Galdino
llustração de Capa: O Cangaceiro WIP, de Leonardo Menezes.
Copyright: O conteúdo apresentado, seja criado para o CyanZine ou incorporado a partir de outras fontes, foi disponibilizado sob a licença Creative Commons — Atribuição — Não Comercial — Comartilha Igual ou licença
compatível. Visite https://creativecommons.org
para saber mais.
Wiki do CyanZine: http://wiki.cordeis.com/cyanzine/start
CYANZINE VARMADUM
A temporada Varmadum do CyanZine gira em torno da novela de aventura As Sementes do Mundo Inferior e teve início na edição de número 8. Abaixo segue o principal conteúdo publicado em cada edição.
A Canção dos Reinos -— apresentando o mundo ficcional
Sementes do Mundo Inferior
O Cavalo que Defecava Dinheiro — cordel de Leandro Gomes de Barros
O Renascimento da Lenda - conto de Cárlisson Galdino
Histórico do CyanzZine — desde a origem
O Pastor e o Cientista — cordel de Cárlisson Galdino
XR-Ill - Modo Micro - sistema minimalista de RPG
Resenha da trilogia Athelgard de Ana Lúcia Merege — do blog
do tio Nitro
A Igreja do Diabo — conto de Machado de Assis
As Sementes do Mundo Inferior — Episódios 1a 3
História do Boi Misterioso - cordel de Leandro Gomes de Barros
Human Occupied Landfill - Resenha de RPG
Shadow of the Demon Lord - Resenha de RPG
Iniciação — conto de Cárlisson Galdino
As Sementes do Mundo Inferior — Episódios 4 a /
A Saga de um Encanador — cordel de Cárlisson Galdino
O Relógio de Ouro - conto de Machado de Assis.
As Sementes do Mundo Inferior — Episódios 8 a 11
O Príncipe Roldão no Leão de Ouro - cordel de João Melqufades Ferreira
As Sementes do Mundo Inferior — Episódios 12 a 20
Despolítica Futebol Clube — cordel de Cárlisson Galdino
Eu Desejo mais Desejos -— conto de Cárlisson Galdino
Lasers and Feelings — RPG de John Harper traduzido por Cárlisson Galdino
ÍNDICE
Comunicação
421 — Reencontro
£2.2. — Despedida
*23 — Garrafas e Canções 424 — Ataque no Mar
*25 — Caçar ou não Caçar
Antônio Silvino — Vida, Crimes e Julgamento Francisco das Chagas Batista
Sem ÓleoCárlisson Galdino
Werewolf By Night E O Terror Da Marvel........ 161 Cadê a Pizza?Cárlisson Galdino
CyanZine — Como Participar?.......................... 196
NOVIDADES! a Em um estado brasileiro chamado Multiverso começam a aparecer pessoas com super-poder conhecidas como miranhas, mas eles neo denne RÀ nem imaginam que fazem [ gi &| parte de um plano maior. Este
VA EPA
. EE Es a comes a Cordel do absurdo está à
venda como ebook exclusivamente na Amazon.
= * Um cordel que apresenta a | história do Direito Autoral e o
O aná
| significa das ações sociais
| taxadas como pirataria. Esta . | é a quarta edição do cordel, que pode ser adquirido como ebook na Amazon e no Google Play Livros.
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COMUNICAÇÃO
Temporada CyanPack
dy lo = *06 - Fevereiro de 2012 405 - Dezembro de 2011 04 - Outubro de 2011
CyanZine * Projeto = Edições “= Licença
= Blogs
[Editar]
*03 - Setembro de 2011 *02 - Julho de 2011 *01 - Maio de 2011 &00 - Abril de 2011
CyanzZine está organizado no wiki http://wiki.cordeis.com/cyanzine/start. Lá você tem acesso às edições anteriores. Também está sendo organizada uma relação de blogs que usem a mesma licença da publicação.
As novas edições estão sendo publicadas em:
e Biblioteca Cordéis — http://livros.cordeis.com
e Archive — https://archive.oro/
e Telegram - https://t.me/ecordel e Whatsapp - 82 9414-2235
Outras formas de distribuição poderão ser usadas e serão divulgadas no wiki e em edições futuras do CyanZine.
Para divulgações relacionadas a cordel, RPG ou fantasia especulativa, dúvidas, comentários e
etc, envie email para cordeis(vyandex.com.
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72] -— REENCONTRO
Ser aventureiro é uma vida difícil para os elfos. Enquanto outras espécies envelhecem até o ponto em que não suportam mais o fardo de viver, nós elfos permanecemos com um mesmo aspecto indefinidamente. Trata-se de uma escolha ousada trocar a imortalidade pela chance de morrer com uma espada enfiada na barriga ou esmagado por pedras de alguma armadilha. Pensando bem, talvez o risco seja similar para os mortais. Afinal, a morte geralmente é o fim, mas a morte anunciada pode dar a chance de viver além da vida, no lar dos deuses. A morte em aventuras não é anunciada e não atrai as coletoras. Como elas só levam aqueles que julga dignos, no fim os mortais que se aventuram aumentam suas chances, se sobreviverem, de serem visitados por uma coletora. Na morte, alcançam a imortalidade”
A felicidade da Sharon com o que avistou naquele navio ao longe era contagiante. O restante da tripulação ficou feliz também, mas por perceber que o navio à frente não seria, provavelmente, um problema.
— Você não para de olhar pra lá! Eu nem vejo nada direito. Só um barco.
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— Eu consigo mirar mais longe, Neriom, graças ao Açor Real.
— Sei, esse arco aí...
— dá vi o Haseid e o Wolfgar. Além do Teraaz, é claro!
— Eu não vejo é nada...
— Eu sei o que você quer, Neriom, mas não vai rolar. O Açor Real é um artefato de sangue. Enquanto estiver ligado a mim, você não usa.
— E não pode desligar um pouco?
— Você não sabe como as coisas funcionam, Neriom. Não é bem assim.
— Tá bom... — Ele abaixa a cabeça um pouco, pensativo, então volta a conversar. — Esse Haseid é o oganter?
— E, é o nosso especialista em matas, rastros e sobrevivência. Eu também entendo um pouco disso, mas não sou patrulheira.
— E esse Wolfgar deve ser o tal anão.
— É, ele tem um martelo chamado Pancada de Roko.
— Eu me lembro disso. Deve ser bem poderoso, afinal leva o nome de um deus!
— É, ele também fica gigante.
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— Sério? Do seu tamanho? Porque anões costumam ser bem menores do que você...
— Do meu tamanho?! Isso é porque eu disse que ele fica gigante?
O gnomo sorri de forma travessa e desconversa.
— Tá, deixa pra lá. E o Teraaz é o feiticeiro? — Não, Neriom, é o cavalo!
— Ah, o cavalo. Certo. Mas acho nome de feiticeiro!
A elfa sorri e volta a olhar para a embarcação através do arco.
— Não estou vendo os outros.
— Podem estar dormindo.
— De certa forma.
— Ô Sharon, não era bom sinalizar pra eles? — Alguma sugestão?
— Não sei. Podia disparar o canhão.
— Já estamos indo na direção deles como Toró falou. Eu estando aqui quando eles analisarem o navio que se aproxima vai ser o bastante.
O tempo passa e finalmente eles percebem o
navio se aproximando. Após algum tempo
notam a Sharon e respondem com acenos e CyanZine $14 Página 15 de 198
animação. Depois somem de vista, então reaparecem. É uma espera angustiante, mas de uma angústia boa. Não para Nargol, que ainda temia uma traição por parte da elfa.
— Não podemos parar muito tempo, Sharon. A marinha está quase em nós. Você tem dez minutos para decidir o que fazer. — Toró lhe fala — De qualquer forma, ainda precisamos fugir do Porto do Rei Pirata.
— Tudo bem. Dez minutos é o bastante. — Então se prepare. Vamos desacelerar.
Os dois navios vão aos poucos parando, conforme se aproximavam.
— Ei, Sharon! — Wolfgar é o primeiro a acenar empolgado, conforme a aproximação era feita. Todos na Estrela de Pedra olham com estranheza.
"Uma elfa amiga de um anão?!” era o que passava na cabeça de todos. A orquina se contorcia de raiva vendo isso.
Sharon sorri e acena feliz. All Thorn responde ao aceno, sem esconder sua felicidade. Afinal, ela havia sido levada para longe como uma forma de atingí-lo. O feiticeiro Ictlun havia feito isso como uma pequena vitória no meio de sua grande derrota.
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Os outros fazem um breve aceno e todos esperam os navios pararem a uma distância apropriada para que possam se reunir.
Sharon salta para o navio deles, deixando, sem perceber, seu novo amigo angustiado, olhando ao redor sem saber o que fazer.
— Aqui estão vocês! Finalmente! — A elfa diz, devolvendo o abraço de Wolfgar.
— Sharon, fico muito feliz e aliviado que esteja bem. — All Thorn lhe fala com a voz emocionada. — Não era pra ter acontecido aquilo. Se eu pudesse ter evitado de alguma forma, não teria deixado ele te levar daquele jeito.
— Eu sei disso. Não se preocupe, acontece. A gente já se salvou um ao outro tantas vezes!
— Minha bela amiga elfa, o que aconteceu exatamente? — Haseid agora perguntava, gesticulando daquele jeito exagerado e teatral. — Onde você esteve durante tanto tempo?
— Trabalhando em uma mina. Já disse que sou quase uma anã? — Sharon pisca pra Wolfoar, que sorri em resposta.
— Bem-vinda, minha amiga! — Ezelius, o feiticeiro, se aproxima também. — Vocês tem muito o que falar, mas será que podemos conversar navegando?
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— Bem-vinda de volta. — O monge lld coloca a mão no ombro da elfa em cumprimento e se afasta.
Sharon responde ao Ezelius com um gesto de confirmação com a cabeça.
— Espera! Vocês precisam conhecer a turma da Estrela de Pedra, que me ajudou, e meu novo amigo Neriom. Depois vamos embora o mais longe possível dessa ilha maldita, continuar nossa missão de plantio.
— Do que você está falando? — Ezelius franze a testa. — Estamos indo exatamente praquela “ilha maldita”!
E Cárlisson Galdino
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LITERATURA DE TORDEL Eniê UE de EF PS EL
O GÉNIO “4 qa a - Es
“MUNDOREAL OUTROS
Visite o blog de Cárlisson Galdino
tece — DESPEDIDA
Magmor é uma espécie do submundo. Maligna e muitas vezes chamada de demônio. Isso não significa muita coisa, já que cambions também são muitas vezes chamados assim. Dependendo da cultura, até mesmo elfos recebem esse título desagradável. Os magmor, porém, são grandes e malignos. Inteligentes e quase todos são capazes de lançar magias. O rei de Varmadum é Golvoczur, um magmor megalomanfaco que quer imitar Vorgacnarum. É sabido que as espécies pensantes são incompatíveis para procriação. Ainda não se sabe bem como, mas o rei de Varmadum conseguiu um feitiço que quebra esse bloqueio e lhe permite ter filhos com fêmeas de outras espécies. Ele fez isso algumas vezes, contra a vontade dessas fêmeas. Entre seus filhos estão Brann e lld. Ild viveu isolado, buscando paz interior para lhe proteger do sangue magmor. Hoje ele parece livre de qualquer maldade paterna, graças à fonte do Coração Verde. Até mesmo sua aparência foi redefinida para a de um elfo normal."
— Sharon — All Thorn lhe olhava preocupado —, eu imagino o que você deve estar pensando. Nós temos uma nova missão, paralela à do
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plantio, mas essa missão foi parte do caminho para resgatar você.
— Você não tá pensando que a gente ia deixar você pra trás, né? — Wolfgar pergunta, cruzando os braços — À gente não conseguiria entrar nesse mar subterrâneo sem um acordo com ele.
— Um acordo? — Com o Roxocra...
— Roarxorrarnarkvac! — Ezelius grita lá de trás, com um sorriso no rosto.
— Sim! Esse aí! — E quem é ele?
— É o guardião! — Wolfgar grita, empolgado — Ele que controla quem entra e quem sai da ilha.
— O guardião... Ouvi falar dele. Seria um tritão particularmente poderoso, que eu não sei porque estaria aqui preso, se é tão poderoso assim.
— Ele é mesmo um prisioneiro, mas quer se libertar. — All Thorn complementa a resposta — A história dele é complexa. Ezelius foi quem conseguiu conversar com ele. Ezelius e lld.
— Vamos lá... — O monge assume a narrativa
ao ouvir seu nome — Ele é na verdade um
dragão que foi aprisionado por Grugbar. Um CyanZine 414 Página 21 de 198
dragão marinho. Como você sabe, drações marinhos não respiram debaixo dágua em sua forma normal. São dragões azuis voadores. Na água, eles mudam para a outra forma, a de tritão. Tritões são pessoas que não conseguem respirar fora dágua. Você entende disso, não é?
— Certo, entendi. Então vamos ter que voltar mesmo praquela ilha maldita...
— Meus nobres amigos — Haseid fala alto, debruçado sobre o timão — A conversa deve estar muito boa, mas temos que seguir. A batalha se aproxima, meus caros!
— Então... — Sharon pensa um instante — Vocês me deem dez minutos, pode ser?
— Sharon... — O oganter agita os braços em reclamação silenciosa.
— Vá lá. — O paladino lhe fala, em voz baixa o suficiente para Haseid não ouvir — Use o tempo que for necessário.
Depois de pensar um pouco, com Sharon já se afastando, ele completa.
— Mas não pode ser muito mesmo, a marinha deles já está bem perto!
A elfa salta de volta para a Estrela de Pedra e passa entre Rosa e Neriom, dirigindo-se ao capitão.
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— Toró, precisamos conversar. — Tudo bem. Já se decidiu? Estamos de partida.
— Claro, eu vou com eles. Vocês precisam apenas saber de algumas coisas.
A elfa olha ao redor e vê Nargol com braços cruzados e olhar cheio de desconfiança; Rosa ansiosa e atenta; e Neriom com uma expressão estranha no rosto, quase uma angústia.
— Primeiro, a quarda da rainha não veio à nossa procura. Eles vem em busca do meu grupo, que está vindo em uma missão de enfrentá-la.
— Vocês estão loucos? — Rosa pergunta, espantada.
— O tal guardião de que você falou. — Sharon continua, falando diretamente para Toró. — ... é um prisioneiro e o meu grupo pretende libertá- lo.
— Hmmm... Isso é bem... Inesperado! E você acha que vocês dão conta?
— Não sei, mas eles estão dispostos a tentar. E eu vou com eles.
— Gostei da ideia. — Nargol fala, quase como um grunhido.
— Está doida também! — Rosa olha espantada para a colega. — Quer ir com eles?
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— Eu não. Eles indo lá, eles podem vencer e poderemos voltar pro porto de novo quando quisermos. Se perderem, serão menos elfos e anões no mundo. Só vejo vantagem.
— Então tá. Muito obrigada pela ajuda, Toró. Até outro dia. — Sharon se vira para o amigo enomo antes de partir. — Você entendeu bem a situação, pequeno?
— Acho que sim.
— Então... Indo com Toró, você estará em segurança. Se quiser, pode vir conosco. Tentarei te proteger, mas não posso garantir nada.
— Pensei que você me abandona.
— Não, Neriom, não pretendo abandonar você. Mas vai ser muito perigoso e você pode morrer se vier com a gente.
— Eu vou com você, mas só se uma coisa. — O quê?
— Você me leva pra fora das cavernas quando você sair das cavernas.
— Tudo bem, não vejo problema quanto a isso. — Então vamos. Não podemos perder tempo.
Os dois correm pra buscar suas mochilas já na cabine e seguem para o outro navio.
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— Sabe, Rosa? — Toró fala com a mão no ombro da tripulante. — Estou bem curioso sobre esses acontecimentos.
— Você não está querendo se envolver nessa querra, está?
— Não, mas até que tinha vontade.
E Cárlisson Galdino
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423 - GARRAFAS E CANÇÕES
Conheço bastante sobre espécies e a Natureza como um todo. Eu pesquiso e já andei por muitas paisagens. Outros que também conhecem muito nesse campo são lld e Haseid. Haseid é um patrulheiro e está na sua natureza lidar com animais e plantas. Quanto a lld, ele também tem seu próprio livro em criação. Enquanto registro descobertas, ações e acontecimentos no meu grimório, Ild mantém um interessante bestiário de criaturas exóticas. Ele já recebeu o livro de outro pesquisador. Claro, ele transcreveu para um livro vazio. Vazio e maior, com páginas em branco que ele pudesse preencher com suas próprias descobertas. Wolfgar também tem suas próprias pesquisas, embora não leia ou escreva com tanta frequência. Seu objeto de estudo é a metalurgia, a forja, a cutelaria... Enfim, a criação de armas e armaduras de metal. Esperado de um anão.
Uma canção de pirata ecoa por aquela embarcação. Uma canção divertida que fala sobre o encontro de ilhas-minas ricas em metais diferentes:
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Chegando na ilha do ouro
Fui mordido por um besouro Tive que partir na carreira
Para eu não morrer por besteira Hei! Ho! Vamos navegar Buscando os tesouros do mar!
Wolfgar e Haseid cantam empolgados. E tem a ilha de prata, a de pérola, a de barro...
Na ilha de orichalcum
Vamos pro castelo chato Cortar a cabeça de alguém Da rainha, veja bem!
Vamos acabar com a Grugbar Buscando os tesouros do mar!
— Vocês inventaram essa parte, não foi? — Sharon pergunta.
— Foi, eu inventei. — O anão bate no peito, orgulhoso. — Ficou bom?
— Não sei muito disso, mas não gostei. Pareceu desencontrado.
— Deixa de coisa! O que faltou foi só um pouco de cerveja!
— Isso foi. — E o seu amigo novo? Onde anda?
— Está com All Thorn. Devem estar debatendo religião ou sei lá o quê.
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— Ah, o gnomo é clérigo!?
— Esim.
— Bem que estávamos precisando de um clérigo no grupo.
Sharon confirma com a cabeça e sai de perto dos dois. Vai até o monge, que tem ajudado a conduzir aquela embarcação.
— As bagas ainda estão com você?
— Estão sim. Estão na luva. — Ild responde, olhando a amiga.
— Tantos meses e não plantamos nenhuma das quatro.
— Não podemos controlar tudo. As coisas acontecem a seu tempo.
— Você está certo. — A elfa gira a mochila e vasculha alguma coisa nela. Enfim, encontra e entrega ao monge. — Toma, gostaria que quardasse isso também.
Ele recebe a garrafa e observa com cuidado. — E uma garrafa mágica. Pra que serve?
— Tudo a seu tempo. — Sharon dá uma piscada.
— Sharon... Vai dizer mesmo não?
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— Seria mais dramático você descobrir quando ela fosse útil, mas não vou deixar você na curiosidade: ela serve para guardar navios.
— Sério? — Claro! Vai ser bem útil pra quardar esse aqui. — Com certeza!
— A propósito... Que navio é esse? Como conseguiram?
— Foi em uma cidade abandonada a leste de Xenon. Nós cumprimos uma missão por lá e, por acaso, encontramos esse navio soterrado, sob muita pedra e areia.
— Hmmm... Ele é mágico.
— É sim. Eu desconfiei disso desde o princípio. Como ele poderia resistir a tanto peso e por tanto tempo, soterrado? Só não sei bem o que ele pode fazer de especial. Talvez você possa me ajudar nesse estudo depois.
— Claro. Ajudo sim.
Com um movimento rápido de mãos, o monge faz a garrafa mágica desaparecer, como se ele fosse um mágico de circo. Não é à toa que "Mãos de Mágico” seja justamente o nome daquele par de luvas, que são o artefato de sangue de lld.
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De volta à companhia dos dois marinheiros, a elfa escuta uma outra canção deles, falando sobre um navio que deslizava em um mar de areia em busca das lágrimas de Vihva, artefatos lendários que dizem terem surgido quando Aero lhe traiu. Ou quando a rasgou em duas, criando Mavihva. Ou quando ele próprio foi morto para pagar pelos seus crimes.
— Wolfoar! Tenho que te mostrar uma coisa. — O quê? — O anão vai até a elfa, empolgado. — Já ouviu falar de Blugon?
— Essa palavra não é estranha.
— Prova! — Ela estende o cantile o anão o pega animado.
Toma um gole grande e olha para a elfa. Sua expressão começa a mudar para irritação. Finalmente ele cospe tudo o que consegue fora do navio.
— Quer me matar, elfa?! Isso aqui é horrível!
— Seu paladar pra bebida forte deve ter estragado sua língua.
— Bebe então!
Sharon toma o cantil de volta e dá um bom gole naquela bebida. Não demora muito, está cuspindo também para fora do navio, sentindo
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seu estômago revirar e saltitar em protesto aquele gosto apodrecido.
— Não falei? — O anão a encara, ainda com a testa franzida. Passa algum tempo, ele relaxa e começa a gargalhar. — Se você tivesse a saúde de um elfo, não ia mais se levantar hoje! Negócio ruim da desgraça!
— Não entendo. Não era pra estragar tão rápido. Essa coisa tinha muito álcool!
— Se preocupa não, amiga, a gente desconta na próxima oportunidade. Precisamos de uma taverna mais do que nunca!
— Precisamos. Vamos juntar o grupo. Os navios já estão próximos demais. O embate se dará a qualquer minuto.
— Falou e disse!
Cárlisson Galdino
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UMA BIBLIOTECA DE EBUUKS GRATUITOS?
Biblioteca Cordéis é uma biblioteca de livros digitais disponibilizados gratuitamente! São mais de 100 livros, incluindo novelas de aventura, contos, cordéis e materiais para RPG.
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Nome Biblioteca Cordéi
Ê y É Se você olhar pra História http://livros.cordeis.com/feed.php || ARevoltaera agressiva RR = O RE RA dO PR = QUEM sofria à injustiça Tomava iniciativa
Numa luta coletiva
Em resposta, os poderosos - Enfrentava o desacato
" E desciam os soldados
| Com prisão e assassinato Pra conter os revoltados
| * Nunca deixavam barato | Cáriisson Galdino
Mesmo assim havia luta
Galdino Cárlisson E | Pra quem tinha algum estudo
Cadê o Super-Homem? Homem? | Qualquer um que leia sabe y * Que só se fazer de mudo
- Não resolve o problema No fim só piora tudo
f ——ee— | A mudança mais recente E Cárlisson Galdino | De quem tem todo o poder r | n | De julgar e de oprimir | Ê O a De comprar e de vender | R Transformou o nosso mundo
- Nesse que hoje a gente vê
- No mundo da compra e venda “Tudo agora tem valor
“Terra, planta e animal
O que a indústria fabricou
A criação cultural
Tempo do trabalhador
Cáriisson Galdino
Castelo Gótico
- E para se alimentar
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Holt - ATAQUE NO MAR
“Orichalcum é uma grande riqueza da natureza. Trata-se de um metal imprescindível para a criação de certas ligas metálicas poderosas. Ele é rosado e bastante resistente. Suas ligas estão presentes em qualquer equipamento, arma ou proteção que valha a pena ser preservada. O martelo de Wolfgar -- a Pancada de Roko -- é feito principalmente de adamantina, uma liga de orichalcum e ferro. All Thorn tem um colete leve e muito resistente, de um preto brilhoso. É de dratem, uma rara liga de orichalcum e xirang. A Lâmina de Prisma, de Haseid, aquela espada que parece ser de vidro e ainda assim é tão resistente, é feita de uma liga de orichalcum e vidro chamada oriprism. Até mesmo o Açor Real tem orichalcum. No caso, em uma liga com madeira, cedrasil. Dizem que apenas equipamentos perfeitos, impecáveis, conseguem receber magia e se tornar de fato mágicos. Alguns encantadores só trabalham com itens feitos de alguma liga de orichalcum.
Um dos navios da rainha começa a atirar, já próximo. Os guardas preparam mais outro disparo, levantando a pesada bola. Um dos dois é atingido por uma flecha azulada, bem no ombro. Soltando a bola em dor e colocando a
mão na flecha, ele pretende retirá-la. Sua mão CyanZine 414 Página 34 de 198
chega ao local e a flecha não está mais ali. O outro começa a gritar com ele por ter deixado a bola ir ao chão, mas a flecha azulada acerta sua cabeça e ele cai. A flecha também não está na sua cabeça quando ela bate no chão.
Logo que a flecha reaparece na aljava mágica da Sharon, o navio muda bruscamente de direção, quase derrubando seus tripulantes. All Thorn aproveita para fazer uma oração protetiva para todos os seus aliados.
A manobra que Ild fez no navio os posiciona no meio da frota inimiga, forçando uma mudança de abordagem. Para não ter risco de atingir uns aos outros, eles decidem parar os canhões e se aproximar, usufruindo de sua vantagem numérica.
Dois inimigos no navio, atacando quem podem. A espada curta bate no cajado de Ezelius, o Corisco. A espada do outro invasor encontra a Lâmina de Prisma que, mesmo parecendo ser de vidro, resiste bem ao golpe.
Vendo a confusão aumentar, Neriom corre para dentro da cabine e observa com atenção e zelo o que acontece lá fora.
— É o quê?! — Wolfgar grita contra um outro guarda que chega tentando lhe golpear, enquanto Haseid recebe mais outro adversário.
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— Vocês vem em dois contra a minha pessoa? — Com a mão livre, o patrulheiro pega uma pequena estatueta de pedra na forma de uma pantera. — Venha, amiga minha, equilibrar esta batalha!
A estatueta é jogada por Haseid e começa a se contorcer como um felino real, e crescer também, pousando no chão como uma bela e enorme pantera negra com seus olhos amarelos e brilhantes.
Aqueles dois ogânteres fardados recuam um pouco se olhando, assustados com aquele enorme animal. A pantera dá alguns passos de lado e então salta no pescoço de um deles. O braço na frente, por instinto, impede um golpe fatal, mas não impede de cair de costas no chão com o pesado felino em cima.
— Agora está mais equilibrado. — Haseid provoca, girando a espada na mão e olhando para o quarda que ainda está de pé.
Um grito ecoa no navio. Os que não estão acostumados com Wolfgar olham para ele espantados e veem seu corpo crescer junto com todo o equipamento até atingir o dobro do tamanho que antes tinha. Num giro ascendente do martelo, o guarda espantado é atingido no peito e voa para fora do navio, caindo na água sabe-se lá em que condições.
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— Quem é o próximo? — O anão gigante pergunta, batendo de leve o martelo na palma da outra mão.
Neriom abre a boca diante de toda aquela cena. Aquele grupo não se parece com nada que ele já tenha visto. Ele começa a pensar em como foi que conseguiram sequestrar sua amiga se o grupo parece tão competente. Talvez esse inimigo feiticeiro seja mesmo perigoso demais.
Do outro lado, Ezelius concentra sua energia mística e busca uma brecha nos ataques do inimigo para poder lançar seu golpe mágico.
Outro navio encosta e mais soldados chegam. Um deles salta perto de Haseid.
— Vocês estão demorando muito. — Ele comenta com o outro soldado, que aponta a pantera e seu parceiro anterior. — Entendi.
— Não tem jeito. — Haseid fala, erguendo os braços. — Vocês só querem vir de dois contra um... — Então faz um assobio estranho.
Neriom olha pra Haseid, curioso, seguindo o assobio. Justo naquele momento, acontece uma explosão silenciosa de luz e ele não vê mais nada. O som de combate continua.
O assobio era o aviso aos aliados de que o patrulheiro iria usar uma das habilidade da sua Lâmina de Prisma. A explosão de luz cega quem
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a ver, mas por pouco tempo. Pouco, mas muitas vezes o bastante.
Wolfgar vê o soldado, que havia acabado de pular no navio, perto dele, agora com os braços levantados em defesa. Sem pensar duas vezes, ele agarra o braço do sujeito e o joga para o lado, fazendo-o se chocar contra o guarda que ameaçava Ezelius.
Usando a espada curta, Sharon fere a perna de outro, que se aproximava dela antes da luz de Haseid.
Do outro lado, All Thorn empurra mais um soldado para fora do navio usando o escudo, golpeando outro em seguida com sua espada. Teraaz se vira e aplica um belo coice, concluindo a expulsão daquele outro inimigo.
Entre as cenas que Neriom não pôde ver, está o momento em que, finalmente livre de adversários, Ezelius consegue concluir o que planejava. Um brilho vermelho sai de seus olhos, enquanto ele ergue os braços vocalizando um estranho mantra. Num gesto de mão que lembra entediados num bar tentando acertar cartas de baralho em um lixeiro, aquele elfo dispara uma bola vermelha do tamanho de uma maçã.
A bola vai em seu trajeto, leve, e atinge um dos navios inimigos, que se aproximava para descarregar mais soldados.
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Encostando no navio, aquela pequena "maçã mágica” se torna uma enorme bola de fogo e se pode ver a tripulação saltando desesperada pra água. Os outros navios se afastam, indo embora.
— Se o navio fosse de madeira seria melhor. — E o que Ezelius comenta, enquanto o grupo se reúne após a batalha.
E Cárlisson Galdino
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rg Um Noetá métide E:
qa repentista entra 4 numa batalha de - | RAP.
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PEDRO CÊ VADA-. e CONTRA MEME Sá Cárlisson Galdino
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HODB — CAÇAR OU NÃO CACAR
Muito pouco sabemos sobre as terras submersas. A comunicação entre os povos da terra e da água nunca foi boa. Sereias e Tritões são perfeitamente inteligentes. Têm seus próprios estudos e suas próprias criações. São até mesmo usuários de magia. Não sei como as trilhas de magia se comportam por lá. Alguma não está presente? Existe alguma exclusiva? É o trabalho que alguém um dia terá que fazer. Quanto a sereias e tritões, são interessantes. Sereias se parecem muito com humanos, mas têm rabo de peixe. São capazes de respirar fora dágua, mas a locomoção é difícil. Já os tritões, mesmo tendo pernas, eles não são capazes dessa respiração, ficando presos ao mundo aquático. Como nós, aqui no mundo terrestre. Pelos relatos a que tive acesso, eles tem corpos mais pesados e dificilmente vão para regiões rasas. Também se parecem mais com os povos lagartos do que com os humanos. *
— Como foi isso? — Neriom se aproxima do erupo agora que sua visão começa a normalizar. — A espada dele tem uma magia que garante vitória? É assim?
— Ô, seu baixinho! — O próprio Haseid se abaixa perto do gnomo para lhe falar. — É
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quase isso. Ela faz uma explosão de luz que deixa os inimigos sem enxergar nada.
— E como ela não afeta vocês?
— E só cobrir os olhos! — O oganter dá um sorriso e um leve peteleco na aba do chapéu de Neriom antes de se levantar.
— Tá, mas foi pouco tempo. Onde estão os guardas? E os navios? A espada também destruiu tudo?
— Calma, Neriom, estão ali. — Sharon responde, apontando em uma direção. — Estão fugindo, derrotados.
— Ah... — Ele observa um pouco, pendurado na lateral do navio, depois olha ao redor. — Mas não tinha mais navios? Vocês conseguiram afundar eles?
— Sim, nós afundamos um deles. — All Thorn responde ao gnomo. — Outro foi afundado não por nós, mas pelo guardião da ilha. Neriom, tudo que está acontecendo deve ser novo para você e espero que você tenha tempo para se acostumar. Certamente vai ter. Agora precisamos continuar nosso debate estratégico. Felizmente ninguém se feriu muito. Você se feriu, Neriom?
— Não, acho que escondi bem.
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— Otimo. Agora, voltando. Temos que seguir imediatamente, mas vamos caçar os navios que estão fugindo ou não?
Ezelius acaricia seu cajado e dá sua posição:
— Por mim, a gente vai atrás. Dá tempo de alcançá-los.
— Como eles sabiam que estávamos aqui? — Ild pergunta.
— Bom ponto. — Sharon complementa. —
Pensei que eles estivessem atrás de mim e da Estrela de Pedra. Como sabem que o objetivo deles, desde o início, era atacar nosso grupo?
— Isso o guardião falou. — O monge responde e continua. — Meu ponto é que eles sabiam que estávamos chegando. De alguma forma, sabiam de nós. Então não faz muita diferença os navios escaparem ou não.
— Eu entendo o que quer dizer. — Wolfoar fala, já em seu tamanho habitual de anão, enquanto coça a barba. — O que podia nos motivar a caçar seria para evitar que eles informem sobre nós antes da hora. Como eles já sabem de nós, vale a pena a gente caçá-los? Se todo mundo topar, eu tou dentro, de qualquer forma.
— Isso faz sentido. — All Thorn conclui, após pensar um pouco. — Vamos voltar a navegar agora, mas sem perseguí-los. Caso eles
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queiram confusão, estaremos prontos para eles. Sharon? Quer ficar na gávea? — Ele pergunta, apontando para a cesta suspensa no mastro central.
— Com certeza. — Imediatamente ela sobe para o posto de observação, sem nem pensar duas vezes. É a que enxerga mais longe e melhor, logo não haveria lugar para ela mais apropriado que esse, em benefício da equipe.
Lá embaixo, todos retomam seus postos e o navio volta a deslizar pelas águas rumo aquela ilha que, por ironia do destino, tem nome de "rei" mas é governada por uma rainha.
— E eu fico onde? — Neriom pergunta ao paladino, em tom prestativo.
— Você pode ficar onde quiser, desde que não atrapalhe ninguém! Com o que você tem experiência?
— Com plantaç... Com plantio! Também sou sacerdote, mas já sabe.
— Sim, você falou que era clérigo de Kreskajia. — Ele para um pouco e o gnomo, que lhe acompanhava, para também. Então All Thorn suspira, antes de complementar. — Quer saber de uma coisa? Eu sei como você se sente. Eu também não tenho tanto o que possa fazer em um navio. Veja: Haseid e Wolfgar têm bastante
experiência no mar. Ild e Ezelius estão CyanZine 414 Página 44 de 198
estudando o navio para descobrir o que mais ele é capaz de fazer, que mágica esconde.
— dá sei o que posso fazer. —Eo que é? — Companhia. Faço companhia a você!
All Thorn sorri com aquele gesto da pequena criatura de chapéu branco. Os dois caminham até o cavalo.
— O nome dele é Teraaz, não é? — E. — Por que sai essa luz dos pés dele?
— Esses detalhes fazem parte da natureza dele. Eu simplesmente não sei. Por que não pergunta você mesmo?
— Ele fala!? — Sim, eu falo.
— Isso é bem legal! Ei, All Thorn, qual é o nome do navio?
— Não sei.
— Podíamos dar um nome a ele! — E o que sugere?
— Que tal Silvalenus?
— E o que é isso? CyanZine %14 Página 45 de 198
— E um nome especial, que significa...
— Meus nobres? — Haseid chega até o trio. — Lembra aquela história de não afundar os navios? — Ele aponta para o mar vazio à frente. — Parece que esquecemos de combinar com o tritão...
Cárlisson Galdino
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XR-II - RPG DIFERENTE
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XR-IlIl é um sistema de RPG multimodo. São
formas diferentes de se viver as
mesmas SISTEMA GENÉRICO DE RPG aventuras. PR =NEEL , . ANT ANT MALA XR Zine é a PRA SS publicação
principal de divulgação do XR- III. Modos CENÁRIO, DELRES (conjuntos de regras), microcenários e aditivos. Tudo prático e em diagramação de livreto A6!
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Vida, Crimes e Julgamento
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ANTÔNIO SILVINO — VIDA, CRIMES E JULGAMENTO
FRANCISCO DAS CHAGAS BATISTA
Leitor, em versos rimados Vou minha história contar Os crimes que pratiquei Venho agora confessar Jurando que da verdade Jamais hei de me afastar
Pedro Batista de Almeida E Balbina de Morais Casados na Igreja foram Os meus legítimos pais Nascidos em Pernambuco E do Pajeú naturais!
Nas margens do Pajeú
No distrito de Ingazeira Junto à Serra da Colônia Vi o Sol a vez primeira Ao nascer trouxe nas veias Sangue da raça guerreira
1 Casados catolicamente | Foram meus legítimos pais
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Nasci em setenta e cinco Num ano de inverno forte No dia dois de novembro Aniversário da morte
Por isso o cruel destino Deu-me de bandido a sorte
Meu avô foi muito rico
E meu pai foi abastado
Mas não me mandou educar Porque onde eu fui criado
O povo não aprecia
O homem civilizado
Ali se aprecia muito
Um cantador, um vaqueiro Um amansador de potro Que seja bem caatingueiro Um homem que mata onça Ou então um cangaceiro
Meu pai fez diversas mortes Porém não era bandido Matava em defesa própria Quando se via agredido Pois nunca guardou desfeita Morreu por ser atrevido
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Enquanto eu era pequeno Aprendi a trabalhar Chegando aos 14 anos Dediquei-me a vaquejar Abracei aos vinte anos
A profissão de matar
No ano noventa e seis Meu pai foi assassinado Pela família dos Ramos Já sendo nosso intrigado Um deles, o José Ramos Que era subdelegado
Para punir esse crime Ninguém se apresentou
A Justiça do lugar Também não se interessou Aos bandidos a polícia Pareceu que auxiliou
E eu, que vi a Justiça
Mostrar-se de fora à parte Murmurei com meus botões
— Também eu hei de arrumar-te “Eu não quero lei melhor
Do que seja o bacamarte”2
2 Não quero. código melhor
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Eu chamei pela Justiça Esta não quis me escutar Vali-me do bacamarte Que me veio auxiliar
Nele achei todas as penas Que um código pode dar!º
No bacamarte eu achei
Leis que decidem questão Que fazem melhor processo Do que qualquer escrivão As balas eram os soldados Com que eu fazia prisão
Minha justiça era reta
Para qualquer criatura Sempre prendi os meus réus Em casa muito segura
Pois nunca se viu ninguém Fugir duma sepultura!
é Que um código pode encerrar!
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No dia cinco de junho
Do ano noventa e três
Fiz eu as primeiras mortes Matando dois de uma vez! Manuel Ramos Cabeceira
E um tal João Rosa de Arez
Depois que fiz essas mortes Fiquei desacomodado Começaram a perseguir-me De Ingazeira o delegado Um tal de Francisco Brás Matei-o, fiquei vingado
Então a família Ramos
Fugiu para Imaculada
Onde por Delmiro Dantas
Foi protegida e guardada Nunca mais peguei um deles Nem mesmo numa emboscada
Desde esse tempo que vivo Sofrendo perseguição
Mas com minha atividade Sempre evitei a prisão Vendo-me assim obrigado A fazer-me valentão
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No ano noventa e sete
Um meu parente e amigo O velho Silvino Aires Dissera-me: “Vem comigo Ao Teixeira, que eu preciso Vingar-me de um inimigo”
De noventa e sete, em junho Nós cercamos o Teixeira
O delegado Dantinho
Deu uma boa carreira
Foi isso que o livrou
De uma surra ligeira
Porque meu tio Silvino Desejava castigar
Esse delegado afoito
Que um dia mandou cercar Sua fazenda e os móveis De casa mandou quebrar
Quando nos desenganamos De não pegar o Dantinho Voltamos pro Pajeú
Pra lugar que nos convinha Dali fomos pra Campina Onde uns parentes eu tinha
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Fomos à vila do Ingá
Com o Prisco, nosso amigo Esse encontrou na estrada Marcela, um seu inimigo Que foi logo assassinado Por não fugir do perigo
Pouco depois desse crime Meu tio e Cheme voltou Para o Pajeú de Flores Onde a polícia o pegou Nosso grupo reuniu-se
E seu chefe me aclamou
Ao ver-me chefe do grupo Meu nome próprio mudei Então por Manuel Batista Nunca mais eu me assinei E foi de Antônio Silvino O nome que eu adotei
A Justiça do Ingá Processou-me, mas voltei A essa vila e o Paço Municipal assaltei
E os processos que havia Ali os incendiei
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Abril de noventa e nove Em Canhotinho abracei A profissão de marchante Depois então assentei Praça no quartel local
E três meses policiei?
Com duas horas de luta Resolvi me retirar
E disse ao José Augusto
— Agora vou me ausentar “Prometo-lhe em pouco tempo Com o senhor me avistar”
Dias depois, em Matinhas Com o mesmo me encontrei Tinha ele quinze praças Com as quais então lutei Ele prendeu-me um cabra
E um soldado baleei
Bem perto de Gravatá
De Bezerros, fui cercado
Por um senhor João Gonçalves Que era subdelegado
Desse cerco eu me evadi
Com um braço baleado
4 Em abril de noventa e nove
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Nessa luta sanguinária
Dois capangas eu perdi
Os outros me abandonaram Quando sozinho eu me vi Pra não cair na esparrela Sem perder tempo, fugi
Em abril de novecentos
Eu em Cabaças estava
E o capitão Zé Augusto
Que em minha pista andava Cercou-me com trinta praças Quando eu menos esperava
Dentro de um engenho velho Fiz uma trincheira forte
De onde atirei cinco horas Não houve nenhuma morte Dali fugi com os meus
E procurei outro norte
Estava eu na guarda local Quando um doutor me chamou E me disse: “Amigo Antônio Minha esposa me deixou E se você for buscá-la Seis contos de réis lhe dou” CyanZine 414 Página 58 de 198
“Está em Santa Filonila
A mulher a quem procuro Na usina de Santos Dias Traga-me que eu asseguro Terá seis contos de réis Isto eu lhe garanto e juro”
Fui com meu primo Argemiro E um grupo que lá juntamos Cercar a usina citada
Porém quando lá chegamos Nem o major, nem afilha
Em sua casa encontramos
Uma mocinha da casa Talvez por ser imprudente Passou em frente a meu rifle Que a feriu inconsciente Lamentei a morte dela
Por ter morrido inocente
O capitão Zé Augusto Em Fagundes me cercou Com uma tropa que em mim Duas horas atirou Prendeu um dos meus capangas E dois de bala matou CyanZine 414 Página 59 de 198
a CÁRLISSON EALDIND
Um mis fi Ela cybeta greste RES |“. Direto da Literatiira de Cordel” * Com cenário XR-lll e Novela de aventufa Í
CARLISSON GALDINO
OX PR=nse:
Último Matataxi de
Arapiraca
(O) a =
gua ()!
MR
CENÁRIO DE RPG
CYBERAGRESTE || PARA XR-III
Cárlisson Galdino
pra
Nesse combate matei
De Zé Augusto um soldado Deixei um sem uma orelha Um com o olho furado
Um de cabeça rachada
E outro com um pé trilhado”
Durou mais de meio dia Esse combate sangrento Ao faltar-me munição Deixei o acampamento
E fiquei de fora olhando Do combate o movimento
Estando eu fora do cerco Dei ainda um tiro, que sinto Ter ele alvejado apenas
O alferes Paulino Pinto
Ao Angelim não matei Porque não vi o distinto
No tiroteio, os soldados Seis cangaceiros mataram E pegaram nove à mão Que também assassinaram Como se sangra animais Eles aos homens sangraram
5 Deixei um sem orelha
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Os que puderam fugir Desembestaram a correr Dizendo: “O diabo é que espera Para sangrado morrer”
Cada qual mais precavido Procurava se esconder”
O sargento José Lopes
Vendo o alferes baleado Ordenou sangrassem os presos Obedecendo-o um soldado Não o matei porque o rifle Estava descarregado
Vi matarem todos nove
De um a um por escala Mataram todos à faca
Para não estragar bala Somente Antônio Francisco Morreu sem perder a fala*
8 Não quiseram estragar bala
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Em junho do mesmo ano
Eu estava no Surrão
Com cinquenta companheiros Tinha muita munição
E gente para brigar
Até com um batalhão
Estávamos todos juntos Na casa do José Gato Apenas o Rio Preto Estava doente no mato José matou uma rês
Para nos dar melhor trato
Eram oito horas do dia Estávamos bem acalmados Quando inesperadamente
Por cento e vinte soldados
Eu junto a meus companheiros Nos vimos todos cercados”
Eram dois os comandantes Desse reforço inteiro
Alferes Paulino Pinto
(Da Paraíba o primeiro)
E o capitão Angelim
(De Pernambuco) um guerreiro
* Eu e meus companheiros
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Era uma luta medonha Todo esse povo atirando As balas perto de mim Passavam no ar silvando O tiroteio imitava
Um tabocal se queimando
A polícia entrincheirou-se Dum riacho na barreira Donde nos fazia fogo
Era uma boa trincheira
Se eu não fosse cuidadoso A tropa não voltava inteira
Em novecentos e dois
Pelo Ingá ia passando
Quando encontrei um enxerido Que andava denunciando
De mim e meus companheiros Sem mais nada o fui matando
A quinze de fevereiro
De mil novecentos e três
Em Filgueira, Pernambuco
Vi pela primeira vez
A um meu perseguidor
Matei-o com rapidez CyanZine 414
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Esse meu perseguidor
Era um subdelegado Francisco Antônio Cabral Sendo homem precipitado Vivia me perseguindo
Mas dele estou descansado
Matei Marcos dos Pinhões
No mesmo ano, não estou Lembrando agora em que mês Ele a mim denunciou
Por isso tirei-lhe a vida
Que pouco, aliás, me custou
Em Aroeiras matei
Um pombeiro de primeira Era um tal de Severino Que servia de “chaleira” Fez uma vez a polícia Dar-me uma boa carreira
Em novecentos e quatro Eu no Mogeiro me achava O ex-sargento Manuel Paz Nessa ocasião passava Fiz a ele o que ele a mim Há muito fazer tentava CyanZine 414 Página 65 de 198
Esse tal Manuel da Paz
No tempo em que era soldado Emboscou-me muitas vezes Fez-me andar todo assustado Porém eu com um tiro só Matei-o e fiquei vingado
Fugi do Surrão. No Estado De Pernambuco encontrei A um dos meus intrigados A quem eu não perdoei Era Sebastião Correia
Este com um tiro o matei
Na Fazenda de Pedreiras Distrito de Caicó
Estado do Rio Grande Eu quase que fico só
Lá eu me vi apertado Qual moleque no cipó
O tenente Tolentino Nossa fazenda cercou Com uma força de polícia Que, peito a peito, atacou Nós trocamos muitas balas Mas ele não me acertou CyanZine 414 Página 66 de 198
Logo com o primeiro tiro Dois sargentos derrubei Com uma bala certeira Ambos de uma vez matei Depois de dar outros tiros Fora do cerco pulei
Dessa vez o Tolentino Matou-me seis cangaceiros Dentre eles um menino
Que era dos meus companheiros O que tinha mais coragem
Seus tiros eram certeiros
Tolentino perseguiu-me Porém eu pude fugir
Para o Estado do Ceará Onde pude residir
Alguns meses, sem ninguém Onde eu estava descobrir
Outubro do mesmo ano
Fui dos meus acompanhado Para a Vila do Pilar
Lá estava encarcerado
Um amigo e pra soltá-lo
Fui em traje de soldados
—Eyangre Hg ——————— Página 67 de 198
8 Em outubro do mesmo ano
Quando cheguei ao Pilar Do quartel me apossei Da munição dos soldados Também me apoderei
E as chaves da cadeia
Do carcereiro tomei
Soltei em seguida os presos E amarrei os soldados
Que encontrei no lugar Deixando-os encarcerados Como eles não se opuseram Não fiz mal aos desgraçados
Os soldados na cadeia Presos com o carcereiro Dirigi-me ao delegado
Que me deu algum dinheiro Procurou logo imitá-lo
Um distinto cavalheiro”
9 Com os soldados na cadeia | Deixei também o carcereiro
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Quando saí do Pilar
Para o Ceará subi
E no Cariri de novo Alguns meses residi Senti que me perseguiam Sem perder tempo fugi
Com destino a Pernambuco Do Ceará eu regressei
Na volta, no Município
De Piancó eu passei
No povoado Bonito
Numa casa me hospedei!?
De ofender os moradores
Eu não levava intenção Mesmo eu não tinha intrigados Naquela povoação
Mas nada disto livrou-me
De uma grande traição
Juntou o subdelegado Alguns homens no lugar Moradores e com eles Quis desta arte me cercar Ele estava preparado Para a vida me tirar
1º E na povoação de Bonito
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E quando eles me cercaram Eu não ousei resistir Porque uma bala certeira Veio a meu rifle partir
E eu, vendo-me desarmado Tratei logo de fugir
Em novecentos e cinco
Eu meti-me em questão feia A pedido de um amigo
Dei uma surra de peia
Em um sobrinho legítimo Do Sr. José Gouveia
Então o José Gouveia Julgando-se desfeiteado Dissera que me matava
Para o rapaz ser vingado Porque nunca um seu parente Tinha de peia apanhado
Ele não quis perder tempo
Logo que pensou assim
Foi-se valar da polícia
Para perseguir a mim
Declarando a todo mundo
Que havia de me dar fim CyanZine 414
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Uma arma e uma miss do
..e ela, precisa de mais?
J | Porque mem budo que é belo é frágil
Q cáriisson Galdino com.br
Novela de aventura e fantasia urbana
Dirigiu-se à Capital
Da Paraíba, lá então
O presidente do Estado Nomeou-o capitão
De polícia e deu-lhe ordem Pra minha perseguição
Foi também até Recife
Igual ordem recebeu
Lá o chefe de polícia Soldados lhe ofereceu Passou-lhe uma carta branca E armamento lhe deu!!
Disseram que ele vinha
E eu fui então tocaiá-lo Perto de Caruaru
Eu resolvi esperá-lo
Porém um grande acidente Privou-me de encontrá-lo
" Foi também ao Recife | E a mesma ordem recebeu
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Eram dezoito do mês
De dezembro. Eu tinha ido Esperar o Zé Gouveia
Mas não tava prevenido Fui feirar em Trapiá
Pois queria estar munido!
Eu não fui a Trapiá Matar ninguém nem ferir Fui só comprar munição Pra melhor me prevenir Julgando que lá ninguém Me havia de perseguir
Estava eu dentro da feira
Quando um homem perguntou-me — Você é Antônio Silvino?
E de repente atirou-me
Nesse mesmo instante um negro Outro tiro disparou-me
Os tiros não me feriram Nem me fizeram pavor Eu na fumaça da pólvora Gritei ao atirador
Que era Antônio Nicácio Celebérrimo inspetor
12 Mas, não estando prevenido
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— Bandido, segura o tiro “Não faz coisas de menino! Repara que está pegado
É com Antônio Silvino! Vamos ver no ferro frio
Se dás parte de mofino”
Proferi essas palavras
Já com o meu punhal na mão E lancei-me ao inspetor Veloz como um furação Dei-lhe a primeira facada Abaixo do coração
Ele pulou para trás
Com a ligeireza do gato
E gritou: “Estou ferido!” Quando vi do sangue o jato Gritei-lhe: “Cuide na vida Porque eu agora o mato!”
Travamos renhida luta
Então com poucos momentos
Eu fiz-lhe com meu punhal
Outros grandes ferimentos
Ouvi-lhe dizer: “Morri
Sem vencer os meus intentos” CyanZine 414
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Nisso senti por detrás
Uma terrível pancada
Eu fiquei tonto e tombei Bem por cima da calçada Ergui-me no mesmo instante Tendo a cabeça rachada!
Foi o negro que atirou-me E que me deu à traição Com o rifle que disparou Essa pancada e então Desembestou a correr Ligeiro que só um cão
Recobrei logo os sentidos
E o traidor procurei
Porém não pude encontrá-lo Quase possesso fiquei
Nisso meus cabras chegaram E eu fazer fogo mandei
38 Por cima da calçada
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— Atirem nesses diabos Eu gritei à cabroeira
Em menos de dez minutos Estava acabada a feira
O povo tinha corrido
E ganhei a capoeira
E depois que todo o povo Tinha desaparecido
Uns no mato, outros nas casas Estava tudo escondido Encontrou-se um homem morto E um cavalo ferido
Todas as portas da rua
Num momento se fecharam Uns noivos que lá estavam Ninguém sabe onde esbarraram Num beco um menino morto Depois os cabras acharam
Depois de tudo acabado Resolvi me retirar
A rua estava deserta
Não tinha com quem brigar Pelo capitão Gouveia Decidi não procurar
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Então, com os meus companheiros À Paraíba voltei
No distrito de Campina
Um inimigo encontrei
A tiros e a punhaladas
A ele eu assassinei
Manuel Rodrigues Torres Chamava-se esse senhor Que era meu inimigo
E também perseguidor Fiz a ele o que farei
A quem me for traidor
Em novecentos e seis
A vinte e seis de janeiro Estava eu nos Tatus
Com o meu grupo inteiro Quando ao capitão Gouveia Dei o combate primeiro
Gouveia ao cercar-me disse
— Silvino, segura o tiro! Respondi-lhe: “Seu Gouveia Você hoje perde o giro
Pois se não matar-me eu o mato E se ferir-me eu o firo!”
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Travamos um tiroteio
Que durou quase uma hora Então Gouveia bradava
— Antônio Silvino, agora “Ou você se entrega ou morre Ou esmorece ou vai embora!”
Respondi-lhe: “Não me entrego Nem morro, nem esmoreço
É certo que vou embora
Para outra vez me ofereço Lembre-se sempre de mim
Que de você não me esqueço”
Dito isto, os cabras dele
De mim se aproximaram
Eu dei a última descarga
E ouvi dizer: “Me mataram!” E outro gritar: “Me acudam Que os cabras me balearam!”
Receei que a munição
Fosse logo acabar
E disse aos meus companheiros — Devemos nos retirar “Desinteiramos a tropa
Não temos quem esperar”
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No Estado da Paraíba
Com um correio me encontrei Das malas que ele trazia
Eu logo me apoderei
Então tomei testemunhas
E as malas todas queimei!!
E dei ao correio as coisas Que a ele pertenciam Queimei as malas porque Julguei que elas traziam Dinheiro ou instruções Para os que me perseguiam
E depois que eu tomei As malas desse correio O governo entendeu Que esse era um ato feio E então em minha pista Uma grande escolta veio
A companhia inglesa
Em construção de uma linha Atravessou uma terra
De propriedade minha Procurei para dizer-lhe
Que isso não me convinha
4 No Estado do Paraíba
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Foi a sete de setembro De novecentos e seis Ao povoado Mogeiro Destinei-me dessa vez a cortar o fio aéreo
E pegar algum inglês
O fio do telegrama
Logo ao chegar eu cortei
E uma pilha de madeira
Na linha férrea eu deitei
Foi graças a essa astúcia
Que um trem de lastro esbarrei
Ao senhor Chico de Sá
Que era um dos passageiros Dirigi-me, por saber
Ser ele dos empreiteiros
E ele me deu cem mil réis
Pra mim e meus companheiros
Eu disse ao Chico de Sá — Eu venho aqui lhe avisar “Que essa terra me pertence E pra o trem nela passar É preciso a companhia Primeiro me indenizar” CyanZine %14 Página 80 de 198
“São trinta contos de réis Que a mim terá que pagar A companhia inglesa
Do contrário hei de arrancar Os trilhos, e por aqui
O trem não há de passar!”
Então o Chico de Sá Prometeu-me que daria
O meu recado aos ingleses Gerentes da companhia Para que eles mandassem A exigida quantia
Ao governo federal
A companhia inglesa Mandou pedir garantia
Ele, com toda presteza Mandou vir um contingente Da companhia em defesa
Do batalhão Vinte e Sete
Noventa e quatro soldados
Vieram em meu alcance
Sendo estes comandados
Por quatro oficiais
Homens já experimentados CyanZine 414
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Seria só mais uma h cavaleiro e dr
Não fosse o cavaleiro um bardo
Em dragão um antigo g mal resolvido
CASO de amor
Do segundo batalhão Quarenta praças valentes Vieram me perseguir Guiados por dois tenentes Na cidade de Campina Juntaram-se os contingentes
Então o capitão Formel Dividiu em diligências
As forças que comandava Tomando mil providências Garantindo não falharem As suas experiências
Resolvi deixar o plano
De embaraçar a linha
De ferro porque essa força Disposta a matar-me vinha Então vinte de novembro Entrei em Alagoinha!
Na vila de Alagoinha
No momento em que cheguei A todos negociantes
Sem demora coletei Procurador do Governo Desde então me intitulei
15 Então a vinte de novembro
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No dia dois de dezembro Do ano já referido
Entrei na Alagoa-Nova Sendo ali bem acolhido Coletei todo o comércio E em tudo fui atendido
No quartel policial
No momento em que eu entrei Dentro da Alagoa-Nova
E o telégrafo cerquei
Dos soldados que lá havia
Até a roupa tomei!
Peguei todos os impostos
Fiz muito bom apurado
E depois telegrafei
Ao presidente do Estado Dizendo-lhe que ao comércio Eu já havia coletado!”
E ao telégrafo cerquei Y Recebi todos os impostos
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Em seguida retirei-me
Logo que fiz a cobrança Contra mim ninguém se opôs (Nunca vi gente tão mansa)
E entrei no dia seguinte
No povoado Esperança
No povoado Esperança
Dois macacos eu prendi Como eles não se opusessem Soltei-os, não os ofendi Então dos negociantes
Os impostos recebi
De Esperança dirigi-me
À vila de Soledade
Aí de José do Couto
Com quem tinha inimizade Cerquei a casa, mas este Fugiu, com sagacidade
Na Vila de Soledade Recebi pouco dinheiro Fugi dali e no distrito De Caruaru, em janeiro De novecentos e sete Persegui um fazendeiro
CyanZine 414
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Coronel Manuel Emídio Que era o sub-prefeito Também dono da fazenda Que eu cerquei sem proveito Por não encontrá-lo em casa Porém fiz tudo a meu jeito!$
Logo ao chegar na fazenda Alguns animais matei
E os dois paióis de algodão Em seguida incendiei Então pelo coronel
Emídio não esperei
Perto de Taquaritinga Num pequeno povoado
A que chamam Salgadinho No mês acima falado Entrei, e logo o comércio Fui deixando coletado
E no dia vinte e seis
Do mesmo mês de janeiro À barra de S. Miguel
Fui com meu grupo inteiro Ali uma boa surro
Eu dei num alcoviteiro
18 Que era sub-prefeito | E o dono dafazenda
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Quatro praças que lá estavam Em ceroulas os deixei
Então da mesa de rendas
Eu logo me apoderei
O dinheiro que lá havia
Para o meu bolso passei
Incendiei os papéis
Todos da arrecadação
Deixei nus os empregados Conduzi a munição
Dos soldados e os deixei
Sem farda, “comblaim” e facão
Já no lugar Serra Verde Município de Umbuzeiro
Eu encontrei dois “macacos” A oito de fevereiro
Com dois tiros lhe provei Que sou muito escopeteiro!?
* Emo lugar Serra Verde
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A vinte e oito do mês
De fevereiro eu voltei
Para a Vila do Pilar
Ali o quartel cerquei
E então prendi os soldados E as armas lhes tomei
Fui ver depois a prisão
E soltei cinco coitados
Que nessa imunda cadeia Estavam encarcerados
E alguns desses já prenderam Por serem bem descuidados
Depois de soltar os presos Eu tomei a direção
Da casa de resistência
Do doutor Napoleão Porém não o achei em casa Nessa má ocasião?”
20 Tomei a direção
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Do comendador, a esposa A senhora Dona Inês
Pude tomar quase à força Seis magros contos de réis E se em casa houvesse mais Eu tomava dessa vez?!
Então dirigi-me à loja Do mesmo Napoleão
Lá quatro contos de réis Na gaveta do balcão Encontrei e vi que a mim Tocava aquele quinhão
À municipalidade Pertencia esse dinheiro Porém eu que do governo Sou o principal herdeiro Apossei-me desse cobre
E em guardá-lo fui ligeiro!
Quando da loja saí
Eu fui à coletoria
Ali deu-me um coletor
O cobre que em cofre havia Sendo este do governo
A mim também pertencia
21 Da mulher do comendador
CyanZine 414
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Visitei todo o comércio
Fiz muito bom apurado
E vi que de muito povo
Eu me achava acompanhado Alguns pediam-me esmolas Então não me fiz rogado
Uns quatrocentos mil réis Com os pobres distribuí
Não serve isso pra minha alma Porque esta eu já perdi
Mas serve pros miseráveis Que estavam nus: os vesti?
Um oficial de justiça Escreveu, por mim ditado Um pequeno telegrama
Ao presidente do Estado
Já vê que a um homem assim Não se usa mandar recado
22 Não serve isto pra minh'alma | Mas serve prá os miseráveis | Que estavam nus e
eu os vesti
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No telegrama eu lhe disse Que abandonava a questão Da companhia inglesa
E depois pedi-lhe, então Que ele a força federal Retirasse do sertão
Às onze horas da noite Retirei-me de Pilar
Sem que se dessem conflitos Não achei com quem brigar Conseguindo pôr-me ao fresco Sem ninguém me incomodar
Em dias do mês de abril Na vila de Cabaceiras Ataquei um fazendeiro Porém com boas maneiras Seis contos de réis passei Para as minhas algibeiras
No dia quatro de maio Pelo lugar Cachoeira
De Caruaru matei
Pedro e Antônio Ferreira Na povoação Mandaçaia Fiz ataque de primeira?
2º Em o lugar E | E na povoação Mandaçaia | Fiz um ataque de primeira
CyanZine $14
Página 91
e 198
Veio o capitão Narciso, Homem que honra o seu galão, Com cem praças escolhidos Do quatorze batalhão
Aliado ao Vinte e Sete Perseguir-me no sertão
No dia treze de maio
Em Bocondó eu estava Quando a força do Exército Que em minha pista marchava Deu-me alguns tiros, julgando Que dessa vez me matava
Saí de Bocondó
Até não muito apressado... Então um soldado disse Que eu saíra baleado Porém ele se enganou Pois seu tiro foi errado!
Provar que não fui ferido Dois dias depois eu quis
E no povoado Queimados Onde sempre fui feliz
Eu prendi o delegado
Um tal de Antônio Muniz? —€yanzneHM4————
24 E na povoação em Queimados
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Uma aventura no subterrâneo
Uma missão de plantio para proteger a superfície.
CÁRLISSON GALDINO
Semanalmente no wattpad um Ho mia
Preso estando o delegado Eu prendi o seu suplente E também um inspetor Que ali se achava presente Nenhum se opôs à prisão Nem se meteu a valente
Guiado pelos três presos
Que me deram um dinheirinho Fui à casa do usurário
Senhor Demétrio Coutinho Quinhentos mil réis deu-me ele Dizendo: “Fico lisinho!”
No dia trinta de maio
Com um comboio me encontrei No Estado de Pernambuco Logo as cargas embarquei
E no lugar de Rio Grande
As mesmas incendiei
Ao major Lucas Donato Protetor de um intrigado Que pertencia o comboio Que foi por mim incendiado Julguei que para o Bonito Fosse o comboio levado?”
25 Meu pertencia o comboio
CyanZine & Página 94 de 198
Aos matutos do comboio Prejuízos eu não dei
E ao tal Lucas Donato Dizer por eles mandei
Que o frete lhes pagasse Das cargas que eu queimei
O alferes Zé Caetano
Com mais de trinta soldados
Me atocaiava bem perto
Mas eu, com os meus apressados Seguimos outro caminho
E fomos para Afogados
Quando cheguei em Afogados Procurei logo avisar
A toda minha família
Para dali se mudar
Porque os meus perseguidores
Queriam-na exterminar!?e
26 Para esta dali se mudar
CyanZine %14
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De setembro em dezenove E em Maria de Melo Cerquei a mesa de rendas E sem que houvesse duelo Trezentos mil réis do chefe Tomei sem fazer apelo
Prendi e desarmei quatro Soldados que nesse dia Estavam lá. O dinheiro
Que levei, me pertencia
Dei ao chefe a porcentagem Que o governo lhe devia
Com a companhia inglesa Fiz uma acomodação Deu-me ela quinze contos Abandonei a questão
E o contingente do Exército Se retirou do sertão
De novecentos e sete
Em maio no Cariri
Estava numa fazenda Quando cercado me vi!
E nesse cerco eu um cabra De confiança perdi
CyanZine 414
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Era o Zacarias Neves
Quem a força comandava
E enquanto a tropa a fazenda Por frente e por trás cercava Eu com o dono da casa Descuidado conversava?”
Quando eles romperam fogo Saltaram para o terreiro Então nos primeiros tiros
Eu vi um meu companheiro Cair crivado de balas
Era o Sebastião Bicheiro
No tiroteio uma bala Arrancou-me a cartucheira Conheci logo que a tropa Ocupava uma trincheira Então fugi com os meus
E a tropa voltou inteira
Na Fazenda Muribeca
Duas surras mandei dar
Em dois cabras da fazenda Que se quiseram armar Contra os meus companheiros Que os souberam castigar
2! Por diante e por detrás cercava
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Em dias do mês de julho Eu passei em Gameleira Que fica perto do Ingá Como ia na quebradeira O senhor Zuza da Mota Encheu a minha algibeira
A onze do mesmo mês Eu em Machado passei E do Sr. Manuel João Um conto de réis tomei E na Vila de Natuba Dois contos arrecadei
Matei um filho de Marcos Que morava nos Pinhões No princípio de setembro Quis ele formar questões Comigo, porém passei-lhe De minha arte umas lições
A vinte e oito de setembro
Em S. José dos Cordeiros
Eu entrei com o meu grupo
Composto de seis guerreiros
E ali de um velho usurário
Nós fomos os dizimeiros CyanZine 414
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O velho Vicente Magro
Em S. José habitava
Dirigi-me à casa dele
Dizendo que precisava
De umas moedas de ouro Que ele enterradas guardava?
O velho, que era usurário Disse que não conservava Esse dinheiro enterrado
Mas eu lhe disse onde estava E acrescentei que se ele
Não m'o desse, eu o matava
O velho, atemorizado Arrancou essas moedas
Que estavam enterradas Debaixo de umas pedras Mas para m'as entregar Levou primeiro umas quedas
2º Dizendo-lhe que precisava
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Chegaram então dois rapazes Que eram do velho parentes E contra mim os dois tolos Se meteram a valentes Vi-me obrigado a matar
Um desses dois inocentes
Um eu matei a punhal
O outro, menos caipora Comprou veado e fugiu Danado de porta a fora Dei-lhe um tiro pra espantá-lo E deixei-o ir embora
De novecentos e nove
Vim, a dois de fevereiro Bem perto de Serraria
Em casa de um fazendeiro De nome Alfredo Chianca Homem valente e guerreiro?”
Então Alfredo Chianca Vinte vezes me atirou
E acabando a munição Da casa a porta trancou Arrombei-lhe uma janela E ele a mim se entregou
29 Estive, a dois de fevereiro
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Não ofendi ao Chianca Porque eu me admirei
Da sua grande coragem Quando em sua casa entrei Dei-lhe um abraço apertado E amigo dele fiquei
No dia vinte passei
Na povoação Cachoeira
Que alguém chama de Cebola Não era um dia de feira
Mas lá uns negociantes Encheram minha algibeira
Então, de João Farias
Eu a casa incendiei
Em Clementino de tal
Uma boa surra dei
De Manuel Borba e Juvência Algum dinheiro tomei
No dia seguinte eu estava Descansando em Malhadinha Quando me alcançou uma tropa Que em minha pista vinha Então, com os meus companheiros Fugi, porque me convinha CyanZine %14 Página 101 de 198
Eram o José do Couto
E mais o alferes Maurício
Os comandantes da tropa Que obrigou-me ao sacrifício De dar comprida carreira
Pra fugir ao precipício
A tropa não nos cercou
Mas muitos tiros nos deu Mandei dar quatro descargas E fugi com o povo meu
Da casa onde estava, o dono No tiroteio morreu
Era o velho João Martins Eu não vi a sua morte Porque já havia fugido E procurado outro norte
Quando os soldados lhe deram
Para o céu um passaporte
Deixei em Pedra Lavrada
Para essa tropa um aviso
Dizendo que a esperava
E que seria preciso
Levar algumas mortalhas
Que eu lhe daria prejuízo! CyanZine 414
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A treze de abril estive
Na barra de Santa Rosa
Ali quinhentos mil réis
Me deu o Manuel Feitosa Soma igual o Manuel Bezerra Me deu com cara chorosa
Então tomei de um soldado As armas e cartucheira
E depois disse aos matutos Que se encontravam na feira Que ali não pagassem mais O imposto de barreira
No dia treze de julho
Eu em Fagundes cheguei Lá um negro e uma negra Com duas surras matei Eles a mim foram falsos E eu nunca lhes perdoei
No princípio de janeiro De novecentos e dez Tomei do coronel Lula Dois magros contos de réis Nada fiz em fevereiro Em março espalhei os pés CyanZine 414 Página 103 de 198
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A cinco do dito mês
Eu botei uma emboscada
No alferes Joaquim Henriques Perto de Pedra Lavrada
Ele vinha com a tropa
E meteu-se na cilada
A cinco do mês de março Em Araçá eu cheguei E com o chefe da estação Mui calmamente almocei Ali do Sr. José Pedro Quinhentos mil réis tomei
Fui a dez do mês de abril Visitar meu inimigo
Um tal Manuel Tavares Queria dar-lhe um castigo Mas ele fugiu ao ver-me Não quis se entender comigo
Residia em Pocinhos Esse que fui visitar
Só encontrei sua esposa Por quem mandei avisar Que só lhe dava três dias Pra ele dali se mudar
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— Hoje de muito dinheiro Então eu disse, “preciso!” Depois de a Manuel Tavares Eu ter dado um prejuízo Ataquei Francisco Afonso Pretendi deixá-lo liso
O velho Francisco Afonso
Que é caipira verdadeiro
Me disse: “Eu não tenho um réis!” E eu lhe disse: “O cavalheiro Pagará com uma surra...”
Nisso, ele deu-me o dinheiro
Então no dia seguinte Quando eu deixei esses lares Ao arame telegráfico
Cortei em cinco lugares
Fiz na linha o que não pude Fazer com Manuel Tavares!
Meia légua mais ou menos Distante do povoado
De nome Pedro Lavrada
De serras num apertado
Com meu povo entrincheirei-me Estando bem municiado
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Eram dez horas do dia Quando eu a tropa avistei
No alferes Joaquim Henriques O primeiro tiro dei
E por não querer matá-lo Apenas o baleei
Nisto, meu grupo que estava Comigo, entrincheirado Também atirou na tropa Feriu uma bala um soldado Não o matou, mas deixou-o Pra toda a vida aleijado
Um cabo também saiu
Com a perna baleada Deu-nos a tropa alguns tiros Porém, ao ver-se cercada Fez como eu já tenho feito Deu uma carreira danada
Joaquim os seus feridos Para Campina levou
Mas o alferes Maurício
Que com ele se encontrou Prosseguiu na minha pista Com três dias me alcançou”?
30 Joaquim Henriques os feridos
CyanZine
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Com uma légua de distância Da povoação Periquito Encontrei-me com Maurício Em um lugar esquisito Dessa vez não me pegaram Porque sou muito perito!?!
A tropa estava escondida Dentro do mato, almoçando Quando eu vinha distraído Com dois homens conversando Pegaram a meter-me duchas
E quase me iam matando!
Nem ao menos tive tempo
De um tiro só disparar
Pois se eu perdesse um minuto Não me podia salvar
E por não ir prevenido Resolvi-me retirar...
1 Dessa vez não pegaram
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Foi a dezoito de abril
Que eu estava no Juá Fazenda pouco distante
Da vila Taperoá
Quando um correio caipora la passando por lá
Era ele o João Domingos
De três malas portador Tomei-lhe as malas e abri-as Achei cartas com valor
Em dinheiro e deste eu fiz-me No mesmo instante senhor!
Alguém ainda pediu-me Pra as cartas eu não romper Porém a esses pedidos Resolvi não atender
Pra não perder o ensejo
De ao governo ofender
Eu sei que governo paga Qualquer quantia avultada Que o agente ou estafeta Deixa ser extraviada
Por isso a correspondência Fora por mim violada
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Não ofendi ao correio
Por ele não merecer
É um simples empregado
Que cumpre com o seu dever
E mesmo a quem não me ofende Eu não gosto de ofender
Abri as malas somente
Pra do governo vingar-me
E também pra do dinheiro
Que eu encontrasse apossar-me Cento e quarenta mil réis
Foi só o que pôde tocar-me
Nas Zonas do Cariri Demorei-me um mês inteiro
A vinte e sete de maio Maurício, o audaz guerreiro Achou-me a pista e buscou-me Como quem busca dinheiro
O alferes dividiu
A força que comandava
Em dois grupos de oito homens A uma tropa guiava
O sargento Zé do Couto
A outra ele comandava
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Dos soldados do alferes
Um era rastejador
E pôs-se a seguir-me a pista Qual perito caçador
Só não me alcançaram cedo Pois sou muito animador
À vila de Soledade
Eu segui em direção
Toda essa tarde seguiu-me A tropa em perseguição Perderam à noite a pista Devido à escuridão
Debaixo de um umbuzeiro A tropa se aquartelou
E ali toda essa noite
Ela acordada passou
Que eu estava muito perto O alferes não suspeitou
Quando a luz da madrugada Principiava a raiar Aproximei-me da tropa Pude a observar
Mas eu nessa ocasião
Não quis a ela enfrentar
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Então com os meus companheiros Ligeiros como quem voa
Fomos esperar a tropa
Adiante numa lagoa
De uma cerca de pedra
Fizemos trincheira boa
Eram oito horas do dia Quando eu na trincheira entrei A tropa demorou pouco
O primeiro que avistei
Em frente à boca do rifle Com um tiro o derrubei
Era ele o tal soldado
Que me ia rastejando
Caiu sem dar mais um passo!
E os outros recuando
Nesse momento os meus cabras Foram os rifles disparando
Ouvi fazer um soldado
A Maurício este convite:
— Alferes, atire logo
“Em Silvino a dinamite!”
Eu aos meus disse: “Fujamos E ninguém se precipite!”
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Devido ao troar dos tiros Meu pessoal não me ouviu O fogo estava cerrado
O alferes investiu Atirei-lhe na cabeça
E ele por terra caiu
O alferes só teve tempo De três tiros disparar
A bomba de dinamite Não me conseguiu atirar Porque eu o matei logo Antes dele me matar
Um soldado ainda gritava:
— Atirem logo essa bomba!
Corri e gritei aos meus:
— Corram que o diabo é quem zomba “Da terrível dinamite
Que onde bate tudo tomba”
Seis minutos mais ou menos Depois que os tiros cessaram Dois soldados corajosos
Do alferes se aproximaram Do dinheiro que levava Então logo se apossaram
CyanZine 414 Página 113 de 198
Voltei ao campo da luta Para ver quantos morreram As praças que lá estavam Quando me viram correram Com tanta velocidade Creio que até se perderam
Atirei-lhe ainda de longe E creio que a um baleei Mas deixei-o ir embora Dos mortos me aproximei E da bomba envenenada Logo ali me apoderei
Eu guardei comigo a bomba Por ter dela precisão
Então os meus companheiros Nessa mesma ocasião Carregaram do dois mortos Fardos, rifles e munição
Ao ver que já tinha morto
Meu maior perseguidor
Senti o meu coração
Possuído de rancor
Por ter dado a morte a um homem Que me metia pavor
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a CÁRLISSON EALDIND
Um mis fi Ela cybeta greste RES |“. Direto da Literatiira de Cordel” * Com cenário XR-lll e Novela de aventufa Í
CARLISSON GALDINO
OX PR=nse:
Último Matataxi de
Arapiraca
(O) a =
gua ()!
MR
CENÁRIO DE RPG
CYBERAGRESTE || PARA XR-III
Cárlisson Galdino
pra
De esmigalhar o cadáver
Senti um desejo insano
E covarde e friamente
Executei esse plano
Porque o meu coração
Não tem mais nada de humano
Com uma pedrada deixei-lhe A cabeça esfacelada
Depois mandei cada um
Dos meus dar-lhe uma facada Fiz tudo isso e não senti
A minha alma perturbada
Sei que minha alma já está Muito negra e empedernida Porque cento e uma vez Tenho me feito homicida
O crime hoje é a coisa Mais comum da minha vida
Se eu não matasse Maurício Creio que ele me matava
Pois era o oficial
De quem eu mais receava
A bomba que ele trazia
Era o que mais me assombrava
CyanZine 414
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A bomba, essa eu guardei Os papéis que encontrei Como fossem do governo Incendiá-los mandei
E sem encomendar outros Da Barra me retirei
Eu o fio do telégrafo
No mesmo dia cortei
Em dez ou doze lugares Depois avisar mandei
A polícia de Campina
E com os meus me ocultei
Também estive em Serrinha Onde ordenei a um soldado Que o imposto de barreira Por ele ali arrecadado Fosse só pela metade
Aos sertanejos cobrado
Fui em julho a Maranguape Aonde fui bem aceito
Ali hospedei-me então
Na fazenda do prefeito Este deu-me um tratamento Que me deixou satisfeito
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Pediu-me muito o prefeito Para eu não ir à cidade Atendi o seu pedido
De muito boa vontade Pois com pessoas dali
Eu não tinha inimizade
Então aos negociantes Mandei logo um mensageiro Com cartas minhas, pedindo A todos algum dinheiro Mandaram-me o rico arame Ninguém se fez de estradeiro
Fui em setembro de mil E novecentos e dez
À barra de S. Miguel
E lá espalhei os pés Matei, pedi e tomei Quase três contos de réis
Lá dois soldados quiseram Comigo se arreliar
Porém eu matei um deles E no outro mandei dar Uma surra e no meu grupo Fi-lo à força bruta entrar
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Então guiado por ele
Eu fui à Mesa de Rendas
O dinheiro que achei lá
Mal deu para as encomendas Eu embolsei-o dizendo
— Este é pra minhas merendas
Na Mesa de Rendas todos Bem perto de Soledade
Eu consenti a meus cabras Fazerem perversidade
Com a família dos Couto Com quem tenho inimizade
Num irmão do Zé do Couto Dar uma surra mandei
E o compadre João de banda Dar na mãe dele deixei
Do velho Couto um paiol
De algodão incendiei
Foi esta a primeira vez Que consenti espancar Uma mulher, pois no velho É que o compadre ia dar Não o achou, deu na velha Pra viagem aproveitar
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Então ordenei à velha Com o marido repartisse As pancadas que levou
E ao Zé do Couto pedisse Pra ele ir criar seus filhos E comigo não bulisse?*
No ano mil e novecentos
E onze, ainda brigado
Não tinha eu uma só vez Quando em abril fui cercado Pelo alferes Ramalho
Que me deu algum cuidado
Foi no lugar São Mamede Que esse encontro se deu Alguns jornais afirmaram Que o meu grupo correu
Foi erro, vou aos leitores
Contar o que aconteceu
O alferes José Ramalho Julgou que eu era pixote Atirou-me entrincheirado Porém deu errado o bote Porque eu não sou arara
Me entrincheirei num serrote
$2 Que com o marido repartisse
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Ele atirou-me de longe
E um tiroteio cerramos
Que durou mais de uma hora Até que ambos esgotamos Toda a nossa munição
E depois nos acalmamos
Depois que a luta cessou Esperei o resultado
Que ficou por isso mesmo A força tinha arribado
Notei então que um dos meus
Tinha sido baleado
No dia nove de agosto Assisti a um casamento Perto de Taperoá
Com grande contentamento Participei do banquete
E de todo o divertimento
A um padre que estava lá
Assisti de confissão
Dispensei-o de rezar
O ato de contrição
Limitou-se a responder-me
O que lhe perguntei então CyanZine 414
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Depois que o absolvi Ordenei-lhe que guardasse Para mim algum arame Para quando eu precisasse Disse ele que a meu dispor Estava, se eu o ocupasse
Saí então da fazenda
De Jocelino Vilar
E logo no dia seguinte
Eu consegui me encontrar Com primo Antônio Godô, E juntos fomos andar
No dia doze estivemos
Na Passagem: lá cortei
O arame telegráfico
Pois com este me intriguei Porque ele é mexeriqueiro Com prazer o estraguei
Estive também a passeio
Em São João do Sabugi
conceição do Azevedo
Currais Novos e Araci
Fiz por lá boas colheitas
E voltei pro Cariri CyanZine 414
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Em Conceição do Azevedo
A música me visitou Dinheiro, buquês e baile
O povo lá me ofertou
E ainda há gente que diga Que ao Rio Grande não vou?!
A vinte e quatro de agosto Da Viração muito perto
O alferes João Facundo Num lugar pouco deserto Emboscou-me, porém eu fui mais do que ele esperto!
Eu vi a tropa emboscada Então desviei-me dela
e num boqueirão da serra Tocaiei-a com cautela Voltou a tropa e mais tarde Caiu na minha esparrela
Quando a força se chegou Nove tiros lhe enviei E nesse mesmo momento Ao alferes então gritei — Se não correr, comandante Sua tropa arrasarei!
CyanZine 414
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Quis o alferes resistir-nos
Mas viu logo ali feridos Caírem quatro soldados Todos soltando gemidos Diziam: “Se não corrermos Matam-nos esses bandidos!” *º
A tropa ainda me atirou
Mas pôs-se logo a fugir
Eu também não esperei
Que outra pudesse vir
E pus-me ao fresco, os feridos Resolvi não perseguir
Na noite do mesmo dia Encontrei um conhecido Que me procurou abraçar Mas eu me fiz distraído
E dei-lhe tão grande tapa Que o deixei no chão caído!
$3 Porém viu logo ali feridos
CyanZine 414
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Poucos dias depois disto Com a polícia me encontrei Trocamos ainda alguns tiros Mas eu a ninguém matei
E tendo enganado a tropa Pra longe me retirei
Em novembro, em Macapá Fui visitar Manuel Belo Mas como não o encontrei Para entrarmos em duelo Deixei-lhe a casa queimada E o mobiliário em farelo
Ao chegar em Macapá
Só o genro dele achei Deu-me este a chave do cofre E o que dentro encontrei
Foi uns dez contos de réis Desses então me apossei
O Manuel Belo movia Contra mim perseguição Por isso queimei-lhe a loja E um vapor de algodão
E dei-lhe mais um recado: Não esperasse perdão”?
34 Dei-lhe mais um recado | Que não esperasse perdão
CyanZine %14 Página 125 de 198
Dias depois eu estive
Na povoação de Serrinha Passei na vila Pilar
Onde a terra é quase minha E depois fui ocultar-me
Em lugar que me convinha
De novecentos e doze
Em maio, no alto sertão No lugar Riacho Seco
Eu tive o ensejo então
De encontrar meu inimigo O negro Antonio Carão
Esse negro a um meu parente Havia assassinado Simplesmente pra roubar
E por ser meu intrigado Matei-o à bala e por mim
O seu corpo foi queimado”
5 Foi seu corpo queimado
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Seria só mais uma h cavaleiro e dr
Não fosse o cavaleiro um bardo
Em dragão um antigo g mal resolvido
CASO de amor
Dei-lhe dois tiros, deixando-o Muito ferido no chão
Fiz por cima do seu corpo Uma coivara e então
Ateei fogo e deixei-o
Virado em cinza e carvão
No dia sete de junho Em Santa Luzia entrei
E então dos negociantes Uns trinta contos levei E no capitão Aristides Uma grande surra dei
Há uns dez anos jurei
De Aristides me vingar
Porque dois cabras meus foram À polícia se entregar
E ele os mandou na cadeia
De fome e sede matar
Prometi dar-lhe uma surra E a promessa cumpri,
E então a sua família Dessa vez eu persegui
De alguns levei dinheiro De outros os bens destruí
CyanZine 414 Página 128 de 198
Fui à vila de Afogados De Ingazeira, onde nasci E uns nove contos de réis Naquela vila colhi
Mas o Desidério Ramos Por caiporismo não vi
Parei perto do Monteiro Estive na povoação
De Jatobá e em Queimadas Fiz boa arrecadação
De Santa Cruz uns dois contos De réis consegui então
A quinze do mês de julho Eu fui à Santa Maria
E os moradores de lá Julgando que eu corria Deram-me uns tiros, mas eu Reagi como devia
Com poucas horas de fogo Os cabras esmoreceram Acabaram o tiroteio
E para o mato correram Eu tomei conta da rua
E todos ali sofreram!
CyanZine 414
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Incendiei quatro casas
E dei de peia a valer! Deixei diversos feridos
Só não fiz nenhum morrer Porque eles correram logo E quem corre quer viver
Fui ao Engenho Filgueiras Do major João Florentino Ele outrora perseguiu-me E eu fui dar-lhe um ensino Pra ele saber que só Deus Matará Antônio Silvino
Cerquei-lhe a casa, mas ele Quis se meter a guerreiro Brigamos mais de uma hora Matou-me ele um cangaceiro Matei-lhe outro e ele ferido Foi para o Limoeiro
Logo que o major fugiu
Do engenho me apossei
Recolhi todo o dinheiro
Depois as casas queimei Cinquenta contos de réis De prejuízo lhe dei
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Paguei a um camarada Para o meu cabra enterrar E voltei à Paraíba
Perto da Vila Pilar Demorei-me decidido
A alguns dias descansar
As malas de um correio Perto de Patos tomei
E toda a correspondência Que ele trazia, queimei, Foi essa a terceira vez Que esse crime pratiquei
Das Espinharas da Serra Das Preacas eu estava
Em uma furna, era noite Ali dormindo eu sonhava Que o espírito de Maurício De surpresa me atacava
Dizia-me: “Ô Silvino Prepara-te pra lutar
O que fizeste comigo
Agora me vais pagar
Visto os vivos não quererem
A minha sorte vingar”
36 Dizia-me: “Sinvino
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Ergui-me sobressaltado
E um tiro disparei
Contra o fantasma e então Muito ligeiro acordei Ouvindo um grande rugido Quase assombrado fiquei
Esse rugido abalou
Até o mais fundo reconco
Da furna, a serra tremeu Desde a cimo até o tronco Percebi rapidamente
Que de uma onça era o ronco!
Então atirei na fera
Que sobre mim se lançou E deu um tapa no rifle Que distante o atirou
E ouvindo o estampido Mais assanhada ficou!
Dei um pulo para trás
E da pistola puxei
Porém no mesmo momento
Que um tiro lhe disparei
Deu ela na arma outro tapa
E desarmado fiquei CyanZine 414
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Felizmente nessa gruta Entrava a luz do luar
E o solo era espaçoso Continuei a pular
Me desviando da fera Que me tentava agarrar!
Num desses saltos eu pude Puxar da cinta o punhal
E apertei-o na mão
Com uma ira infernal Dizendo: “Se eu não morrer Mato esse audaz animal!”
A onça era tão ligeira
Como de um raio o clarão Eu não voava porém
Mal sentava os pés no chão Compreendi que em matá-la Estava a minha salvação
E quando a fera avançou
De arma em punho esperei
E então ao pé da goela
Tal punhalada lhe dei
Que o punhal, enterrado
Dentro dela abandonei CyanZine 414
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Ela em minha mão esquerda Deu uma grande dentada
E onde passou as unhas Deixou-me a pele esfolada Só me feriu no momento
Em que dei-lhe a punhalada*'
A onça, ao ver-se ferida Um enorme salto deu Rugindo com tanta força Que a serra estremeceu Então por sobre o lajeado O corpo em cheio estendeu
Enraivecida, rugindo
Tentava se levantar
Procurando em vão com os dentes A arma do peito arrancar
E eu, desarmado, temia
Que ela voltasse a lutar
37 Em que lhe dei a punhalada
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Quando a fera se aquietou Da gruta me retirei
E todo o rosto da noite Noutra furna repousei Somente pela manhã
Meus companheiros busquei
E reunido ao meu grupo Nessa furna penetramos
À onça morta a um canto Logo ao entrar encontramos Minha pistola e meu rifle Ambos quebrados achamos
Vi que no peito da fera
O punhal estava enterrado E reparei que o meu rifle Tinha o coice esfacelado A pistola achei-a longe Com o gatilho quebrado
Então do peito da onça
O meu punhal arranquei
E o sangue que o ensopava Logo em um lenço limpei Depois, com muito cuidado Eu a onça examinei
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Era uma onça pintada
De formas descomunais
Os dente pontiagudos
Unhas longas, desiguais Tinha os músculos dianteiros Mais grossos que os demais
Retiramo-nos da gruta
E minhas feridas curei Consertar as minhas armas
Por um ferreiro mandei
E junto aos meus companheiros Outras zonas procurei
No rio Grande do Norte Com a polícia me encontrei E com o comandante desta Então conferenciei
E para pagar cerveja
A ele logo intimei
O major Seabra jurou Comigo não intervir
Eu também lhe garantia Com os deles não bulir Pois eu só mato soldado Que me anda a perseguir
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De novecentos de treze
Eu em janeiro cheguei
A Cachoeira dos guedes
E do Rufino levei
Dois contos, e um telegrama Para a Capital passei
Às altas autoridades
Nesse telegrama eu disse Que só pretendo morrer Em adiantada velhice
E que elas, me perseguindo Cometem grande tolice!
A força que acompanhava O alferes Irineu Encontrou-me em Soledade E alguns tiros me deu
Mas fugi estando na casa De um velho amigo meu?
Em Lagoa do Remigio
Fui à agência do correio Botei pra fora o agente Somente porque era feio Tomei-lhe o cobre dos selos E contra mim ninguém veio
$8 Mas fugi por estar na casa
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Uma vez dono da agência Dei logo um expediente E avisei ao diretor
Que ali eu era o agente
E que todo o apurado Tocaria a mim somente
Então de um negociante Comprei muita munição Arranjei muito dinheiro Depois da arrecadação Ao povo da Serraria
Fui passar uma lição
Perto da Vila hospedei-me Veio ali me visitar
O major Antônio Bento Que logo mandou chamar O delegado e este foi Meu imposto arrecadar
Eu estava no Ingá
Na casa dum camarada
Quando inopinadamente
A fazenda foi cercada
Por soldados da Polícia
Que não arranjaram nada CyanZine 414
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Porque com muita cautela Resolvi me retirar
Da fazenda, pois não quis Contra a polícia atirar Nesse dia eu não tinha Disposição de matar
Há muito que procurava Encontrar um valentão Que para lutar comigo Tivesse disposição
E de achar esse duro Tive um dia ocasião
Perto de Brejo de Areia
A quatro de fevereiro
De novecentos e nove Encontrei esse guerreiro Que não me matou porque Me vali de Deus primeiro
Era um sujeito mestiço De cabelos afogueados Os dentes muito amarelos Beiços grossos e rachados Pés chatos e mãos compridas Olhos grandes e encarnados CyanZine 414 Página 139 de 198
HITERALURA | DE PORDEL
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Conheci que esse cabra
Era mau de profissão
Então para dar-lhe uma sova Me pediu o coração
E eu quis me certificar
Se o cabra era valentão
Gritei-lhe: “Cabra, quem és? De onde vens e pra onde vais?” Disse-me o cabra: “Meu nome É Diabo ou Satanás
Venho do inferno e contigo
Vou lutar ou fazer paz!”*º
— Vens comigo fazer paz? “E eu pedi-te essa aliança?” — Não pediu, mas pode ter “Em mim toda a confiança” Respondi-lhe: “De salvar-me Ainda eu tenho esperança”
Disse-me o diabo: “E esperas Ainda por salvação?
Te esqueces que fazer crimes É só a tua profissão?” Respondi: “E não se salvou Da Bíblia o Bom Ladrão?”
*º De onde vens e para onde vais?
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— Se esse Dimas se salvou “É porque amava a Deus Mas tu és um inimigo
Dos dez mandamentos seus!” E eu perguntei: “E você Conhece os intuitos meus?”
Disse-me o diabo: “Eu bem sei Que é funesto o teu destino
És traidor, és perverso
És ladrão e assassino!
O teu fim será o inferno
Irás comigo, Silvino!”
Quando eu ouvi o diabo
Estas frases proferir Respondi-lhe: “Pra que inferno Contigo eu não hei de ir!” Disse-me ele: “Isso agora Havemos de decidir”
— Para decidirmos isso “Lutarmos muito é preciso.” E dito isto disparei-lhe
Um tiro de improviso
O diabo aparou a bala
E disse com ar de riso:
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— Ah, não me atires porque “Com balas tu não me ofendes!” E acrescentou: “A certeza
Eu tenho de que te rendes
Se prolongares a luta
Eu juro que te arrependes”
— Render-me? Nunca! — E o rifle Vinte vezes disparei
E presumo que os tiros
Todos no diabo acertei
Mas este, aparando as balas Deu-mas quando eu terminei
Então conheci que a bala Para o diabo não se fez E manejando o punhal Vibrei-lhe com rapidez No peito uma punhalada Mas errei inda uma vez!
Dei-lhe ainda muitos golpes
Julgando que o matava
Mas todos foram perdidos
Porque a arma não o furava
O punhal batia nele
E envergado ficava! CyanZine 414
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Lutamos uns dez minutos Então eu compreendi Que não vencia o diabo Porém não esmoreci
E quando me vi perdido Logo de Deus me vali
Dizia o diabo sorrindo:
— Levo-te sempre comigo “É melhor ficares manso Que te terei como amigo!” Então eu disse: “Meu Deus Livrai-me deste inimigo!”
Vi que lutando, morria
Eu a rezar me dispus
Então me ajoelhei
E rezei o credo em cruz
E disse: “Eu te esconjuro Diabo! Em nome de Jesus!”
Quando eu me persignei
Pra longe o diabo correu
E disse: “Falar em Deus
Foi isso o que te valeu
Mas de outra vez voltarei
Serás companheiro meu!” CyanZine 414
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Depois fiz paz com o diabo
E hoje em dia ele me segue
E já não temo que o mesmo Para o inferno me carregue Eu só não quero é que um dia Ele à polícia me entregue
Deus, que tinha eu no mundo Para um instrumento seu
Já havia decretado
Tudo quanto aconteceu Comigo, após esse dia
Tirou o prestígio meu!“?
A dezoito de novembro
Eu em Pocinhos cheguei
Que o padre Antônio Galdino Me desse um jantar, mandei E que me servisse à mesa
Ao mesmo padre obriguei
1º Comigo, depois desse dia
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Quando eu me retirei, o padre Lançou-me a excomunhão Missa de corpo presente Como em minha intenção
Na noite do mesmo dia
Me apareceu uma visão
Eu estava em uma casa
Jogando bem descuidado Quando apareceu-me um homem Com um objeto embrulhado
E me disse: “Eis um presente Que para si foi mandado”
Ergui a vista, porém
Já o homem não avistei Abri o pacote e dentro
Um par de algemas achei Fiquei tão impressionado Que ali quase me assombrei
Compreendi que o padre Botara-me urucubaca
A estrela que me guiava
Via-a no céu mais opaca De minha vida a corrente Conheci que estava fraca
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Na manhã do outro dia
Eu na estrada encontrei Com um boi de Cristiano Bem na testa lhe atirei Visto não pegar o “gringo” No boi dele me vinguei
Depois de andar oito léguas De onde o boi tinha ficado Debaixo de um umbuzeiro Sentei-me um pouco enfadado Quando vi chegar o boi
No qual eu tinha atirado
Esbarrou perto de mim Ameaçando-me dar Chegou esvaído em sangue E danado para urrar
Como quem vinha somente Para de mim se vingar
Quando eu vi aquela cena Perdi logo a esperança Conheci que minha vida Estava numa balança
O urro do boi dizia:
— Meu sangue pede vingança!
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Conheci que aquele boi
Da morte era mensageiro
Quis atirar-lhe e meu rifle Mentiu fogo, então ligeiro
Me retirei e não quis
Que o matasse um companheiro
Depois, com meus companheiros Fomos pra Taquaritinga
Eu convenci-me de que
Me acompanhava a mandinga Meu coração me dizia:
— Silvino, volta e te vinga!
Porém eu não quis voltar Na mesma noite cheguei No lugar Lagoa da Laje E no mato me ocultei Debaixo de um juazeiro Quatro horas descansei
Porém, no dia vinte e oito Melancólico me senti Passei o dia jogando
Às cinco horas me vi
Pela polícia atacado
E ao fogo então resisti
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Como eu estava em campo raso Num serro me entrincheirei Guiando os meus companheiros De umas pedras me amparei Feriram o Joaquim de Mouro Brigando me conservei
Foi por detrás de uma cerca Que a polícia se ocultou
De onde nos fazia fogo
O meu rifle disparou
Trinta vezes contra ela
Mas nem um tiro acertou
No pai de um meu companheiro Uma surra eu tinha dado
Já fazia quatro anos
E o cabra havia jurado
De me matar à traição
Em um momento aprazado
Esse cabra traiçoeiro
Perto de mim atirava
Por detrás de uma pedreira Vendo que eu não o olhava Atirou-me por detrás Quando eu menos esperava!
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E uma bala de Mauser Pelas costas me varou
E saindo pelo peito
Um rombo enorme deixou Caí no chão quase morto E o cabra ali me roubou
Levou-me todo o dinheiro
E um anel de brilhante Levou-me um grande punhal E um rifle muito importante Não pude me defender Porque estava agonizante
Quando despertei da síncope Foi que me senti ferido
Ali procurei meu grupo
Que de mim tinha fugido tudo quanto eu possuía Tinha desaparecido
Com dificuldade ergui-me Depois de ter-me sentado Olhei em redor e vi
Um homem no chão deitado Era o amigo Joaquim Moura Que se achava baleado
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Chamei-o, ele se sentou
E me disse: “Estou perdido Mas não me entrego à polícia Portanto eu me suicido
Deu um tiro na cabeça Morreu sem dar um gemido
Quis eu também suicidar-me Mas as armas não achei
O veneno que eu trazia
Nos bolsos não encontrei Levantei-me e a uma casa Quase de rasto cheguei
Ao dono dessa vivenda Pedi que fosse chamar
O comandante da força Para a ele me entregar Pois eu estava quase morto E queria me confessar
Tinha o dia amanhecido Quando a polícia chegou Então o alferes Teófanes De mim se aproximou Mas devido ao meu estado Ele não me interrogou
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Fui para Taquaritinga
Pela força conduzido Levaram-me numa rede Porque eu estava tão ferido Que não andava e cheguei Quase que desfalecido
Dois dias e uma noite Eu passei encarcerado Na cadeia da cidade Sendo muito visitado A vinte e nove já eu Me sentia melhorado
No dia trinta bem cedo
Em um burro me montaram E para Caruaru
Os soldados me levaram Mais de duzentas pessoas Na estrada nos encontraram
Chegando em Caruaru Cinco horas descansamos Às duas da madrugada Para o Recife embarcamos Às sete horas do dia Nessa Capital chegamos
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Por médicos e enfermeiros Vim no trem acompanhado
O Cr. Chefe de Polícia também se achava a meu lado Tratamento de primeira
Foi sempre a mim dispensado
Mais de duas mil pessoas
Me esperavam na estação
E me olhavam confusas
Com muita admiração
Grande massa acompanhou-me À Casa de Detenção
Abala que me feriu
Pelas costas penetrou
Saiu no peito direito
E o pulmão me afetou
Mas só prostrou-me proque A cardite me atacou
Os médicos já conseguiram Meus ferimentos curar
O resto da minha vida
Vou na prisão descansar Porque dos crimes que tenho Não espero me livrar
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Já me confessei a um frade Mas não estou regenerado Acho-me muito abatido
E estou desequilibrado Agora com o suicídio
Eu vivo impressionado
Somente à fatalidade
Eu devo a minha prisão
Pois todos sabem que eu era Um indomável leão
E nem eu sei porque foi Que me entreguei à prisão
Não me prenderam, entreguei-me Porque fui impulsionado
Pelo destino talvez
Vi-me ferido e roubado
Vim morar nesta prisão
Cumprir a lei do meu fado
FIM
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LITERATURA DE CORDEL
BR rm Um horta metido o No: ig a repentista entra = numa batalha de -
| RAP.
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CM ? a + k
— e , + g
PEDRO CÊVADA--* E CONTRA MEME > À | Cárlisson Galdino
& Es
Hiecao Especulativa
SEM ÓLEO
CARLISSON GALDINO
Cada movimento traz o mesmo som. Seu braço se estende e recolhe com notada impaciência, junto ao ranger das juntas. Juntas metálicas, ou supostamente metálicas.
O mar e seu colorido tênue não surtem efeito sobre seus olhos sem cor. Seu olhar foca apenas o braço. Rochedo, areia, vento, Sol, crianças, pessoas, seu braço.
O som do seu metal se sobrepõe ao barulho das ondas, aos gritos e falarias.
Estende o braço com cuidado e ouve o mesmo ruído metálico, ouvido já tantas vezes, há tanto tempo que seus registradores de memória estouraram a capacidade de armazenar, e ele simplesmente deixou que prosseguisse assim mesmo.
Há algo errado. Ainda não notou ao certo. Há algo errado com seu braço.
Recolhe o braço, vagarosa e atentamente. Seus dedos rústicos com junções à mostra se aproximam do rosto. Rústicos, mas traçados, não foram feitos de qualquer jeito. Abre e fecha a mão. Não há problema com ela, é só o braço.
Estende o braço até que toque mais uma vez sua coxa. Não sem produzir o mesmo ruído. Seu CyanZine 414 Página 158 de 198
rosto não traz qualquer expressão. Por não ser capaz, mas também por causa do braço.
Recolhe o braço e o ruído se mostra outra vez, enquanto o braço se aproxima do seu estranho rosto sem nariz e sem boca, mas com olhos. Olhos como lentes de máquinas fotográficas, equidistantes em sua cabeça em formato de barril.
Estende o braço lentamente e ouve o mesmo ruído. Nem assusta mais a gaivota já pousada em seu ombro oposto. Por vezes é um pombo que fica inutilmente bicando sua cabeça blindada.
— Ei, benzinho, o que é isso? — Ah, é um robô!
— Eu sei que e é um robô, mas ele parece tão estranho...
— É, a gente chama de Tenhen! Ele fica assim o tempo todo.
— O que houve com ele? Fica só assim? — Sei lá! É uma comédia, né?
— Dá dó dele, tadinho...
— Meu pai.
— Que tem seu pai?
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— Lembrei agora. Quando eu era pequeno minha mãe me disse. Meu pai era pequeno e tava passando por aqui quando viu um robô e achou estranho o barulho que fazia. Daí perguntou se não tinha alguma coisa errada com ele.
— Nossa, coitado! E até hoje ninguém fez nada pra ajudar?
— Não, imagina! Ele é só um robô velho!
— Ah, não fala assim dele... Dá pena ver o coitado assim, tão sujo... Deve estar precisando de ajuda...
— Ah, deixa disso, vamos comer uma pizza?
— Vamos! Só se for de calabresa!
FIM
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WEREWOLF BY NiGHT E O TERROR DA MARVEL.
Werewolf by Night estreou na Disney+ mostrando a história do personagem Jack Russell que faz parte da linha de terror da Marvel. O filme conta com os atores Gael Garcia Bernal, no papel título, a competente Laura Donelly, da série The Nevers da HBO Max, Harriet Sansom Harris, entre outros. A linha de terror da Marvel nas telas começou oficialmente na série WandaVison, também da Disney+, quando foi apresentado o Darkhold, livro escrito por Chthon, o Deus Ancião, que aprendeu os segredos da Magia do Caos, e continuou no cinema com os filmes “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura” e “Mobius”. Mas na verdade anteriormente no canal de streaming Star+ já tinho sido mostrada a série Helstrom, que conta a história de Daimon e Satana Helstrom, filhos de Satã e personagens da linha terror da Marvel também. Em algumas revistas Daimon chegou a juntar forças com Doutor Estranho e o Motoqueiro Fantasma. Se você não sabia corre lá e assiste porque a série é muito boa e dá várias ideias de aventuras.
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A linha de terror nos quadrinhos da Marvel surgiu nos anos /0 quando a editora começou a utilizar personagens clássicos de histórias de terror que haviam caído em domínio . público em suas revistas em ted quadrinhos. Assim surgiu a revista A Tumba de Drácula,
que mostrava o vampiro mais famoso do mundo enfrentando Rachel Van Helsing, descendente do professor Van Helsing, e o famoso herói caçador de vampiros, Blade. Aliás o novo filme de Blade, com o ator Mahershala Ali, e que faz parte dessa linha de terror da Marvel nas telas, já tem data para estrear: Novembro de 20258.
Com o sucesso do título de Drácula outros personagens clássicos de terror acabaram também parando nas revistas em quadrinhos, como O Monstro de Frankenstein e A Múmia (onde eu Ii pela primeira vez a respeito deles quando ainda era criança). Não demorou muito para que outro personagem clássico de muito sucesso acabasse tendo suas histórias contadas nas HQs: o lobisomem. E com isso surgiu o título Werewolf by Night, no Brasil chamado apenas de Lobisomem, que era, junto
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com os outros títulos, publicado por aqui pela Bloch Editora, a maior editora do país na época. A Bloch inclusive criou um selo próprio só para publicar essas histórias, chamado Capitão Mistério Apresenta. Quem quiser saber mais sobre esse selo clique aqui: http://hgmemoria.com/?p=90%.YOsagXbMK3A.
Werewolf by Night foi criado em 1972 pelos lendários Roy Thomas, Gerry Conway e Mike | Ploog, contando a história de Jack sd Russell, um jovem
NE 3 amaldiçoado pela , licantropia herdada de E
Je == sua família, aparecendo á E ig d pela primeira vez na
ea Marvel Spotlight 42 para depois ganhar sua própria revista mensal. A revista durou 43 edições de setembro de 19/2 até março de 1977. Apesar de grande sucesso após o encerramento do título o personagem caiu no esquecimento pela editora até ser remodelado em 1983 em uma história na revista do Cavaleiro da Lua. Depois disso apareceu junto da Mulher-Aranha, Doutor Estranho e até ao lado dos Vingadores da Costa Oeste,
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saindo da linha terror e figurando entre os super-heróis da editora. Entre os anos de 1991 e 1993 apareceu regularmente nas páginas da revista Marvel Comics Presents e em 1998 teve seis edições publicadas em uma série escrita por Paul Jenkins e desenhada por Leonardo Manco que adicionaram novos elementos na mitologia do personagem. Esta série é uma das que mais gosto sobre Jack Russell e onde conhecemos outro lado dele e de sua maldição. Em 2009 o personagem apareceu na série limitada de quatro edições Dead of Night presents Werewolf by Night, do selo adulto MAX, publicado no Brasil pela Panini. A série foi escrita por Duane Swierczynski, com arte de Mico Suayan. Finalmente em 2020 um segundo Werewolf by Night surgiu, chamado Jake Gomez, criado por Taboo, rapper americano integrante do grupo musical Black Eved Peas, e por Benjamin Jackendoff, juntamente com o desenhista Scot Eaton. Esse personagem foi criado com a intenção de explorar a mitologia dos nativos americanos sobre o mito do lobisomem.
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A origem dos lobisomens na Marvel está ligada a um dos Deuses Anciões, chamado de Deus Lobo, que criou uma uma raça de guerreiros que ficaram conhecidos pelo nome de Lycanthropes que podiam trocar de forma humana para lobo e os usou para enfrentar outros Deuses Anciões que escravizavam os humanos por volta de 20.000 a.C. Esses guerreiros podiam transformar outros seres humanos também em Lycanthropes através da sua mordida ou arranhando com suas garras.
Quando ocorreu o Grande Cataclisma, por volta de 18.000 a.C., a maioria dos Lycanthropes morreu. Os que sobreviveram se espalharam pelo mundo e não se ouviu falar mais sobre eles ou sobre a licantropia, como passou a ser chamada a condição de mudar de forma humana para lobo, até 1/95, quando Grigori Russoff foi transformado em lobisomem por Lydia, uma Lycanthrope que servia a Drácula, a quem Grigori havia derrotado depois que Drácula matou sua esposa Louisa. Entretanto a
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licantropia adquirida por ele não se manifestou em seus descendentes, até que em 1930 um dos descendentes de Grigori, Gregor Russoff, leu sobre a maldição da licantropia em algumas páginas do Darkhold em uma noite de lua cheia, se transformando imediatamente em um lobisomem, e ativando a maldição que passaria para seus descendentes.
Jack Russell, nascido com o nome de Jacob, é filho de Laura e Gregor Russoff, descendente do outro Gregor, e portador da maldição da licantropia. Gregor foi morto por balas de prata quando atacava aldeões na Transilvânia transformado em lobisomem, forçando Laura a fugir com seu filho para os EUA e mudar seu sobrenome para Russell. Quando completou 18 anos Jack sofreu sua primeira transformação em uma noite de lua cheia. Desde então sua vida tem se resumido em várias tentativas de encontrar uma cura para sua condição. Ele mora em Nova York e trabalha como engenheiro sanitário.
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Devido a maldição do lobisomem Jack no início era totalmente controlado pela lua. Em noites de lua cheia ele se trancava em uma jaula para evitar cometer atrocidades, mas aprendeu a controlar sua transformação e atualmente se transforma quando quer, sendo que quanto mais cheia está a lua no céu noturno, mais lobo Jack se torna.
A série escrita por Paul Jenkins adicionou alguns elementos de horror a condição de Jack, como ele ter uma visão do inferno toda vez que se transforma, fazendo com que ele inicie uma busca desesperada por uma cura, levando a ouvir falar sobre o Culto da Terceira Lua, um culto satânico onde seu líder, Walter Clark, diz saber como se livrar da maldição da licantropia. Isso leva Jack em uma busca através dos EUA por uma adaga chamada Lâmina do Lobo, que seria uma das três partes para sua cura.
O novo Werewolf by Night vem na esteira da modernização de alguns personagens da Marvel como já aconteceu com Homem- Aranha Miles Morales, Nick - Fury, Ms Marvel, etc,
E “á procurando dar vida a
- personagens de outras etnias. CyanZine 414 Página 167 de 198
Os criadores do personagem acreditam que a série será de suma importância para a comunidade indígena, pois respeitam muito as origens históricas do povo nativo americano, já que a mãe de Taboo é de origem nativo americana, acrescentando que a representatividade é essencial para a nova fase da Marvel.
Jake Gomez é um menino da tribo Hopi que sofre sua primeira transformação de lobisomem aos 13 anos devido a uma maldição em sua família. A transformação de Jake é mais ditada por suas emoções do que pela lua. Ele usa a música para controlar sua transformação e conta com a ajuda de sua avó Rora e sua amiga Molly, que fez a playlist para tentar superar a maldição. Apesar de ser uma série independente, seus criadores dizem que ela terá alguma relação com o cânone da editora.
Usar os elementos de Werewolf by Night no RPG daria aventuras ou campanhas muito interessantes. Apesar de acreditar que os jogadores pensariam logo em Lobisomem: O Apocalipse ou Lobisomem: Os Destituídos, eu acho que Savage Worlds com uso do Compêndio de Horror seria melhor para adaptar as histórias dos quadrinhos de Jack
Russell. Poderia até ser usado em conjunto com CyanZine 414 Página 168 de 198
o Compêndio de Superpoderes, porque nos quadrinhos Jack Russell já fez parte de vários grupos de super-heróis, como Filhos da Meia- Noite, Legião dos Monstros além da A.R.M.O.R. e lutou ao lado de outros supers da Marvel.
Na página 11 do Compêndio de Horror encontramos as orientações para a criação de um personagem lobisomem e na página 56 as estatísticas básicas de um lobisomem em sua forma monstruosa que poderiam nos ajudar a criar o personagem:
e Atributos: Agilidade d8, Astúcia de, Espírito d6, Força d12+2, Vigor d10;
e Perícias: Escalar d8, Furtividade d10, Intimidar d10, Lutar d12+2, Nadar dio, Perceber d12, Rastrear d10;
e Movimentação: 8;
e Aparar: 9;
e Resistência: /;
e Fraqueza (Prata): Armas de prata causam dano normal em lobisomens;
e Garra: For+8;
e Infecção: Qualquer um mordido por um lobisomem que sofra um ferimento deve fazer uma rolagem de vigor. Uma falha significa que o personagem se torna um lobisomem na próxima lula cheia (assumindo que ele sobreviveu ao ataque);
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e Invulnerabilidade: lobisomens ficam apenas abalados por armas que não sejam de pratas;
e Medo -2: lobisomens congelam o sangue de quem os vê.
Para criação de antagonistas para uma aventura como essa podemos utilizar na mesma página 56 o cultista típico, que representaria os cultistas do Culto da Terceira Lua, e o cultista sacerdote, para representar Walter Clark. Eles teriam a posse da Lâmina Lunar (página 40 do Compêndio de Horror) que seria um dos três itens que poderiam curar Jack Russel de sua maldição. Fique livre para escolher os outros dois entre os Itens Arcanos que estão listados no livro, mas aconselho que pelo menos um deles seja o Sangue de Lobisomem, que encontramos na página 42. Outros inimigos interessantes seriam Ulysses e Elsa Bloodstone, caçadores de monstros que foram apresentados no filme da Disney+, que seriam representados pelas estatísticas de Caçador Escolhido Veterano que encontramos na página 50. Além do lobisomem os outros jogadores poderiam ser um Mago e um Dhampyr que estão procurando ajudá-lo, ou então com ajuda do Compêndio de Superpoderes crie alguns heróis que estarão ao lado dele nessa busca.
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Outro RPG que ficaria muito bom para adaptar Werewolf by Night, principalmente por conta do estilo em preto e branco do filme da Disney+, é Chamado de Cthulhu. Na página 334 podemos encontrar as estatísticas de um lobisomem que usaríamos como Jack Russell, e ali mesmo temos as estatísticas de uma Múmia, seguida por um Vampiro e depois um Zumbi. Esses monstros poderiam ser usados como antagonistas de Jack Russell em uma aventura/campanha no estilo dos antigos filmes do estúdio Hammer Films na década de 60. Esses antagonistas poderiam estar a serviço de um Grande Antigo à escolha do
Guardião /Narrador. O Culto da Terceira Lua seria composto por cultistas que servem a este Grande Antigo e são protegidos, ou protegem, esses monstros. Os demais jogadores seriam pessoas normais que são amigos/parentes de Jack tentando ajudá-lo, e correndo riscos ao mesmo tempo.
Quem tem a 22 edição de Kult vai encontrar regras para criação de lobisomens a partir da página 75 no capítulo Beyond Humanity. O Culto da Terceira Lua cairia bem como um dos vários cultos dedicados aos Anjos da Morte como Hareb-Serap, o mais sanguinário entre os generais de Astaroth. Infelizmente a 42 edição não trouxe essa opção. Neste tipo de cenário a busca por uma cura da sua maldição poderia
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Uma arma e uma miss do
..e ela, precisa de mais?
J | Porque mem budo que é belo é frágil
Q cáriisson Galdino com.br
Novela de aventura e fantasia urbana
levar Jack Russel a querer ir até Metrópolis, ou fazer um pacto com um dos Arcontes. As regras de Sanidade do sistema poderiam ser um fator importante para que Jack não sucumbisse definitivamente a sua condição lupina assassina.
As regras de pontuação são diferentes de uma edição para outra, porque a 22 edição usa um sistema de regras próprio, mas apenas para ilustrar entre as desvantagens que um lobisomem teríamos:
e Instinto de Caça
e Sensitivo a Prata
e Incontrolável Mudança de Forma e Inumana Aparência
Controlado pelos Astros;
Já entre suas vantagens teríamos:
e Visão Infravermelha
e Armas Naturais (Garras e Presas) e Invulnerabilidade a Armas
e Reação Rápida
e Regeneração
e Sentidos Ampliados
e Resistência Infinita.
Os demais jogadores podem ser Conjuradores, Magos, que sabem bastante coisas sobre a verdade no mundo de Kult e estarão ao lado dele para ajudá-lo.
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Mas para mim, sem sombra de dúvidas o melhor sistema para jogar com um lobisomem é Witchcraft. Eu inclusive fiz um artigo há varios anos comparando os Garous do Mundo das Trevas com os Ferals de Witchcraft que vocês podem ler em https://ovelhinhodorpeg.wordpress.com/2013/0
9/21/garous-ou-ferals-qual-e-seu-favotito/.
Witchcraft tem todo o clima e cenário para uma boa aventura de Werewolf by Night. Aqui a maldição de licantropia poderia ter sido passada para a família de Russell por um Feral enlouquecido que servia a um vampiro na Romênia. Ele agora irá atrás de uma cura e precisará da ajuda das famílias de ferals para isso, que podem ser interpretados pelos outros jogadores. Poderia até ser adicionados Mercadores da Morte (https://ovelhinhodorpe.wordpress.com/2020 07//14/0s-mercadores-da-morte-no-seu-rpo- preferido/) que estão atrás de Jack para dar um tom de desafio a aventura.
O filme me agradou em parte me dando a entender que a Marvel vai realmente trazer todos os seus personagens da linha de terror para a telas, mas assim como as mais recentes produções da Marvel não achei que acertou o
tom. E um bom filme, curto por sinal, para CyanZine 414 Página 174 de 198
assistir em família e está longe de ser algo de terror ou de colocar medo. O ator que interpreta Jack Russell não me animou muito, mas Laura Donelly, interpretando Elsa Bloodstone, rouba as cenas, como era de se esperar. O Homem Coisa ficou perfeito, mas se torna o alívio cômico do filme, o que pra mim reduz muito o personagem. De qualquer forma vale a pena assistir.
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CADE A PIZZA
CÁRLISSON GALDINO
Esta é uma aventura infantil que foi escrita e mestrada durante um evento de RPG ocorrido em Arapiraca no Clube do Professor. Como um RPG infantil, é recomendado que seja mestrado por alguém que já entenda um pouco de RPG, para jogadores crianças.
A aventura foi feita para XR-Il - Modo Micro, que pode ser encontrado em
http://wiki.cordeis.com/xr3/start ou na edição 9 do Cyantzine.
O cenário onde a história se passa se chama Animalia, que apresenta uma paródia da Terra onde todas as pessoas têm características de algum animal. Todos os personagens de jogador oferecidos são catinus, uma espécie que tem orelhas e rabo de gato.
Todos eles vivem na Mansão Novelo, um lar de jovens catinus que é mantido por uma guia chamada Nix, que tem forma de um gato comum falante. A Nix foi apresentada no kit O Livro de Nix. Cadê a Pizza? pode ser usado como uma aventura adicional posterior ao Livro de Nix, inclusive pode reusar os personagens ali
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apresentados, mas também pode ser apresentada de forma totalmente independente.
Os personagens de jogador propostos são 6 pré-adolescentes afilhados de Nix, com equidade de gênero: 3 masculinos e 3 femininos. Quatro deles recebem um dom especial de Nix. Uma habilidade (manobra) que consome pontos de fadiga e é acionada ronronando (domínio Ronronar).
e (Camões: manobra Fantasma;
e Celeste: manobra Planar;
e Mill: manobra Telecinese;
e Patty: manobra Encantar;
e Sol e Sushi não têm manobra desse tipo.
Por serem afilhados de Nix, eles têm responsabilidades maiores que os outros catinus que moram na Mansão Novelo. No final, você terá as fichas completas deles, podendo enviar uma captura de tela de uma ficha para cada jogador, caso queira jogar assim.
Os dados sobre os personagens do mestre não devem ser conhecidos pelos jogadores e serão apresentados em seguida.
e Bingo: professor Ekinissus (povo-cavalo), de arquétipo calmo. Atributos: F5 M3 E5;
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Gergelim: caninus (povo-cachorro) do arquétipo fujão. Tem o dom do superolhar: consegue perceber ilusões, invisibilidade e disfarces, não sendo enganado. Atributos: F1 M5 E4.
Hermione: catinus do arquétipo preguiçosa. Entregadora da Pizzaria Silvestre. Atributos: F1 M4 E5.
Hulk: caninus do arquétipo vaidoso. Um valentão. Atributos: F5 M3 E1.
Lola: doninus (povo-doninha) do arquétipo tagarela. É a dona da Pizzaria Silvestre. Atributos: F5 MT E5.
Nutela: caninus do arquétipo prestativa. Tem o dom da Interferência: sempre que alguém usa um dom perto dela, ela entra na brincadeira com metade da eficiência do dom do outro (entra em elo telepático, pega carona em visão remota...). Só funciona para dons ativáveis. Atributos: F2 M3 E4.
O curinga: Wel é um personagem-curinga. Como a aventura vai ser mestrada para crianças e envolve situação de risco para os protagonistas, decisões erradas podem levar a situações muito ruins. Caso a história caminhe para isso e o mestre ache conveniente, Wel pode aparecer por acaso e ajudar a resolver a situação.
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e Wel: ursinus (povo-urso) do arquétipo Tagarela. É um bruxo e anda por aí na forma de urso, como patrulheiro fazendo boas ações. É padrinho de uma ursinus chamada Mel. Sua aparição pode ter a ver com uma procura por sua sobrinha. Atributos: F3 M5 E1.
Figurantes: eventualmente pode ser necessário acrescentar mais algum personagem na história. Segue uma tabela de figurantes que podem
encaixar em algum papel desses, de
emergência. Você pode, claro, criar seus próprios personagens. Não só para figurantes, mas para toda a história. Esta tabela é só uma conveniência que se pretende que seja útil.
Nome | Espécie | Arquétipo | F|ME| Domínio Sky Doninus | | Fujona 5 | 5/4 Artista Ozzy |Doninus |Briguento |2 |1| 2] Jogador Clark | Kamessis | Vaidoso 2 |1| 2) Roubo Bibi Kamessis | Pensadora |2 |5|1| Comércio Zeca Caninus Tímido 4 |1| 2] Medicina Odin || Kamessis | Tagarela 2 |2| 2) Comércio Kira Boressis |Briguenta |4 |2/ 5] Força Bob Brakarkus | Tímido 112 2) Elástico Mel Ursinus Sonhadora |4 | 2/4 Afilhada Fajuto | Catinus Tagarela 1 |2/1| Montaria Fred Baraelus | Calmo 5 |2/1| Atirador Luna Doninus Vaidosas 2 |1| 3 Veterinária
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Professor Bingo tem orelhas de cavalo e dá aula de uma matéria chamada Dinheiro, que inclui Matemática, cálculo de troco, onde o dinheiro é importante e onde não é. Nas escolas de Animalia, as matérias têm conteúdo e nome bem diferentes.
A moeda desse mundo é o Biscoito, uma moeda parecida com a nossa, mas furada no meio, como uma rosquinha. As notas de papel também existem, mas não são furadas.
Mestre interpretando o professor dando aula e interagindo com os personagens. Fale um pouquinho sobre essas curiosidades relacionadas ao dinheiro desse mundo. Entre no valor médio de coisas que crianças compram. Pizzas, por exemplo, que custam 30 biscoitos.
O professor Bingo pode perguntar aos alunos que preço acha que algumas coisas, como um chiclete, uma coxinha ou uma bola de futebol
têm.
Os colegas do grupo estarão empolgados com a noite da pizza, que acontece esta noite.
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Na sala de jantar da Mansão Novelo, o grupo está conversando e animado sobre as pizzas, que ainda não chegaram.
Nix chamará o grupo de personagens de jogador para a cozinha e lá falará que a entregadora Hermione está sumida.
“Chamei vocês aqui porque temos um problema. As pizzas que pedimos na Pizzaria Silvestre ainda não chegaram. Liguei para lá e a Lola disse que Hermione saiu há quase uma hora e que não ia fazer outra entrega, só a nossa. Ela foi liberada pra comer com a gente também. Como vocês sabem, a Hermione morou aqui quando era pequena. Preciso que vocês descubram o que aconteceu com a Hermione.”
O grupo decide como vai fazer a investigação.
e Pizzaria Silvestre: Lola falará com muito carinho pela Hermione, que ela saiu. Dirá o caminho que ela segue normalmente, que é passando pelo bosque.
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e Canil Osso Duro: ninguém sabe o que houve.
e Bosque: em certo lugar do bosque, o grupo pode encontrar caixas de pizza no chão levando até um galpão esquisito.
Se não acharem o bosque, alguém informará ao grupo sobre o galpão. Pode ser a Nix através de um telefonema, a Lola, alguém que estava fazendo exercício no bosque ou algum trabalhador que passou de bicicleta por lá.
Para facilitar a visualização, você pode utilizar um tabuleiro de xadrez para a cena de confronto. Se tiver como conseguir, coloque peças coloridas para os personagens dos jogadores e peças de outros tipos para os vilões.
--|N|Ww/ Bju AIN -/NI|iw/ã Bju AIN
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Escolha um lugar onde Hermione está presa numa jaula. Os três caninus estão espalhados no chão, cansados de comer pizza.
O grupo tem que salvar a Hermione. As pizzas que sobraram serão um bônus.
O carrinho elétrico de entregar pizzas está ali com o restante das pizzas, mas a chave está com a Hermione.
O grupo pode partir para diálogo, tentar ir sem silêncio... Deixe que criem uma solução pra situação. Os caninus podem incorporar aquele tipo de vilão boboca para confrontar jogadores inexperientes. A chave da jaula está com Hulk.
Soluções criativas, se fizerem um pouco de sentido, devem ser estimuladas.
Dona Lola mandará mais 20 pizzas para a festa, quando Hermione chegar com o grupo. Alguns colegas podem ficar curiosos e quererem ouvir a história de como eles resgataram a entregadora. Interprete a reação deles à história de maneira natural. Incredulidade, empolgação, vale qualquer coisa. Nessa festa termina a nossa aventura.
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DA, BT. z A]
UTELA
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HERMIONE
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Arquétipo: Tímido
Atributos Físico Mente | Espírito 2 2 3 Detalhes
1. Adora tomar leite . Medo de adoecer
2 3. Não gosta de Multidões 4
. “Água mole em pedra dura tanto bate até que
fura”
Domínios
Atributo
Nome do Domínio
Nível
Físico Condutor
Mente Jogos
Espírito Ronronar
Manobras
Domínio
Manobra
Ronronar Fantasma: cria uma ilusão de outro personagem qualquer, como se estivesse presente no lugar.
Energia Vitalidade Fadiga Fadiga Fadiga Física Física Mental Espiritual 6 8 8 12
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Arquétipo: Empolgada
Atributos Físico Mente | Espírito 3 3 1 Detalhes
1. Gosta de contar Histórias
2. Gosta de colares e Correias
3. Atenciosa com os Amigos
4. Joga handebol
Domínios
Atributo Nome do Domínio Nível Físico Esporte 2 Espírito Ronronar 1 Manobras Domínio Manobra Ronronar |Planar: o personagem se joga ao acionar o
dom. Se ativar, voará 3 vezes mais rápido do que quando corre, mas a fm do chão. Se
falhar, cai no chão
Energia Vitalidade Fadiga Fadiga Fadiga Física Física Mental Espiritual 9 12 12 4
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Arquétipo: Empolgado
Atributos Físico Mente | Espírito 2 3
Detalhes
1. Gosta de cantar
2. Gosta de abraçar
3. Fala partes de música como se fossem poesia
4. Gosta de vestir cores chamativas
Domínios
Atributo Nome do Domínio Nível Mente Comércio 1 Físico Briga 1 Espírito Artista 1 Manobras: não possui Energia
Vitalidade Fadiga Fadiga Fadiga Física Física Mental Espiritual
6 8 12
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Arquétipo: Pensadora
Atributos Físico Mente | Espírito 3 2 2 Detalhes
1. Adora séries e livros de investigação
2. Anda sempre com um bloquinho de notas
3. Cabelo em 3 cores
4. Pouca paciência para falatório
Domínios
Atributo Nome do Domínio Nível Mente Detetive 2 Espírito Ronronar 1 Manobras: sem manobras Energia
Vitalidade Fadiga Fadiga Fadiga Física Física Mental Espiritual
9 12 8
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Arquétipo: Pensador
Atributos Físico Mente | Espírito 2 3 2 Detalhes
1. Sempre chamado para soltar pipa ou
tirar bola de cima da casa
2. Pelo alaranjado
3. Prefere ficar calado, observando.
Domínios Atributo Nome do Domínio Nível Espírito Ronronar 3 Manobras Domínio Manobra Ronronar Telecinese: o personagem pode mover um objeto de até 5kg à distância Energia Vitalidade Fadiga Fadiga Fadiga Física Física Mental Espiritual 6 8 12 8
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Arquétipo: Prestativa
Atributos Físico Mente | Espírito 1 4 2 Detalhes
1. Adora ser lembrada, mesmo que só pra pedirem favor.
2. Pelagem branca.
3. “E aí... Alguém quer ajuda?
4. Gosta de música
5. Boa no handebol
Domínios Atributo Nome do Domínio Nível Físico Esporte 1 Espírito Ronronar 1 Mente Atiradora 1 Manobras Domínio Manobra Ronronar |Encantar: personagens que a veem fazem teste de Mente ou ficam fascinados. Energia Vitalidade Fadiga Fadiga Fadiga Física Física Mental Espiritual 3 4 16 8
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XR-II - RPG DIFERENTE
OXPR=nsaa OXR=NS
XR-IIl é um sistema de RPG multimodo. São
formas diferentes a. de se viver as d RPG INFANTIL COMPLETO! mesmas SISTEMA GENÉRICO DE RPG
aventuras. <P=NSZ
ANTMALTA
i =E0NT A]
XR Zine é a
publicação
principal de divulgação do XR-
III. Modos CENARIO DE RPG º PATA MEDIEVAL PRA (conjuntos de regras),
microcenários e aditivos. Tudo prático e em diagramação de livreto A6!
Microcenário m Persona gem Bio! Mapa de ambie
HTTP://WIKICORDEIS.COM/XR3/START
CY ANZINE — COMO PARTICIPAR?
A princípio haverá limitação para a criação do CyanZine. Todos podem participar, mas fica a critério do editor escolher o que entra e o que fica fora de cada edição. Os gêneros de preferência são os relacionados aos 3 temas centrais da publicação: Literatura de Cordel, RPG e Ficção Especulativa (fantasia, ficção científica, terror, etc).
e 12 textos: a princípio esta será a quantidade máxima de textos, entre cordéis, artigos, contos e etc. Eventualmente esse limite pode ser ajustado para mais ou para menos.
e 4 mil palavras: cada texto deverá ter no máximo este tamanho. Isso porque pretendo fazer revisão de todo o conteúdo e textos muito longos podem dificultar ou, em certo grau, até mesmo inviabilizar a publicação.
É possível que sejam criadas novas sessões e colunas a depender de comprometimento de colaboradores ou entidades parceiras. Dependendo do grau de parceria, a edição de uma sessão inteira pode sair de minha responsabilidade (ficando a de diagramar), aumentando a quantidade de conteúdo a publicar.
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Para participar, é preciso mandar um e-mail
para cordeis(yyandex.com com o seguinte:
e Assunto: “Cyanzine” e a sessão pretendida. Isso é opcional, para o caso de você já ter uma sessão em mente.
e Anexo: O texto deverá ser enviado como anexo em formato ODT ou DOCK.
e Conteúdo: Eu afirmo a autoria e autorizo
a publicação do texto <TÍTULO> na revista digital gratuita CyanZine sob licença Creative Commons — Atribuição — Uso Não Comercial — Compartilha loual. Declaro também ser detentor dos direitos necessários para tal. É preciso ter este texto (ou equivalente) no conteúdo da mensagem.
e Anexos adicionais: arquivo ODT ou DOCK com minibiografia e arquivo com foto. Opcional.
O último dia para envio de material será o dia 15 do mês anterior da publicação. O que não for aceito /aproveitado em uma edição pode vir a ser publicado em edições posteriores. Não há necessidade de o texto ser inédito. Não há qualquer remuneração prevista para o autor.
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